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Jan13
O REGRESSO AOS MERCADOS DEPOIS DO POGROM SOBRE OS REFORMADOS...
NEOABJECCIONISMO
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Depois do Pogrom sobre os reformados, confiscando-lhes parte das pensões, comparados aos Cristãos-Novos da crónica de Damião de Góis abaixo transcrita, da devastação da economia, com o consequente aumento do desemprego, da destruição do SNS, da conspurcação da alma Portuguesa, este governo de Portugal, manda anunciar o regresso aos Mercados, única bandeira que serviram desde que assumiram o poder de governar o Estado/Nação...
Não tarda, se conseguir provocar a euforia entre os trabalhadores que ainda têm emprego, sitiados pelo corte de salários, de sonhos e aumento de impostos, a cena descrita na Crónica de Damião de Góis, que originou o massacre de Lisboa de 1506, pode voltar a renascer, culpando os pensionistas, reformados e idosos em geral, por todos os males de que a Nação padece...Já hoje é igualmente notícia a sentença do" Imperador" do Japão..."só quando os velhos morrerem...ou...se todos os velhos morrerem, será a salvação dos estados em crise financeira...
Estamos no limiar duma revolução cósmica...o velho humanismo definha sem nunca se ter afirmado na plenitude dos seus propósitos e objectivos...os direitos humanos ficam de novo à mercê do livre arbítrio, da insaciabilidade financeira das obscuras entidades que dominam o mundo,,,
Quero gritar a esperança, sem medo, aquela luz que vedes, não é um milagre...é apenas uma luz que alguém acendeu com o propósito de vos, nos cegar a consciência...com o tempo ela se apagará e voltaremos a mergulhar na escuridão...
A esperança reside na organização do estado em plano raso...sem faustos nem iluminados...partindo dum princípio de liberdade e democraticidade participada e autêntica, tendo em conta o elemento feminino como a génese da história da humanidade...
autor: jrg
autor: jrg
Damião de Góis in «Chronica do Felicissimo Rey D. Emanuel da Gloriosa Memória»:
«No mosteiro de São Domingos existe uma capela, chamada de Jesus, e nela há um Crucifixo, em que foi então visto um sinal, a que deram foros de milagre, embora os que se encontravam na igreja julgassem o contrário. Destes, um Cristão-novo (julgou ver, somente), uma candeia acesa ao lado da imagem de Jesus. Ouvindo isto, alguns homens de baixa condição arrastaram-no pelos cabelos, para fora da igreja, e mataram-no e queimaram logo o corpo no Rossio. Ao alvoroço acudiu muito povo a quem um frade dirigiu uma pregação incitando contra os Cristãos-novos, após o que saíram dois frades do mosteiro com um crucifixo nas mãos e gritando: “Heresia! Heresia!” Isto impressionou grande multidão de gente estrangeira, marinheiros de naus vindos da Holanda, Zelândia, Alemanha e outras paragens. Juntos mais de quinhentos, começaram a matar os Cristãos-novos que encontravam pelas ruas, e os corpos, mortos ou meio-vivos, queimavam-nos em fogueiras que acendiam na ribeira (do Tejo) e no Rossio. Na tarefa ajudavam-nos escravos e moços portugueses que, com grande diligência, acarretavam lenha e outros materiais para acender o fogo. E, nesse Domingo de Pascoela, mataram mais de quinhentas pessoas.A esta turba de maus homens e de frades que, sem temor de Deus, andavam pelas ruas concitando o povo a tamanha crueldade, juntaram-se mais de mil homens (de Lisboa) da qualidade (social)dos (marinheiros estrangeiros), os quais, na Segunda-feira, continuaram esta maldade com maior crueza. E, por já nas ruas não acharem Cristãos-novos, foram assaltar as casas onde viviam e arrastavam-nos para as ruas, com os filhos, mulheres e filhas, e lançavam-nos de mistura, vivos e mortos, nas fogueiras, sem piedade. E era tamanha a crueldade que até executavam os meninos e (as próprias) crianças de berço, fendendo-os em pedaços ou esborrachando-os de arremesso contra as paredes. E não esqueciam de lhes saquear as casas e de roubar todo o ouro, prata e enxovais que achavam. E chegou-se a tal dissolução que (até) das (próprias) igrejas arrancavam homens, mulheres, moços e moças inocentes, despegando-os dos Sacrários, e das imagens de Nosso Senhor, de Nossa Senhora e de outros santos, a que o medo da morte os havia abraçado, e dali os arrancavam, matando-os e queimando-os fanaticamente sem temor de Deus.Nesta (Segunda-feira), pereceram mais de mil almas, sem que, na cidade, alguém ousasse resistir, pois havia nela pouca gente visto que por causa da peste, estavam fora os mais honrados. E se os alcaides e outras justiças queriam acudir a tamanho mal, achavam tanta resistência que eram forçados a recolher-se para lhes não acontecer o mesmo que aos Cristãos-novos.Havia, entre os portugueses encarniçados neste tão feio e inumano negócio, alguns que, pelo ódio e malquerença a Cristãos, para se vingarem deles, davam a entender aos estrangeiros que eram Cristãos-novos, e nas ruas ou em suas (próprias) casas os iam assaltar e os maltratavam, sem que se pudesse pôr cobro a semelhante desventura.Na Terça-feira, estes danados homens prosseguiram em sua maldade, mas não tanto como nos dias anteriores; já não achavam quem matar, pois todos os Cristãos-novos, escapados desta fúria, foram postos a salvo por pessoas honradas e piedosas, (contudo) sem poderem evitar que perecessem mais de mil e novecentas criaturas.