27 DE DEZEMBRO DE 1945
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27 DE DEZEMBRO DE 1945
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vivo esta minha loucura
entre a crença do destino
e o desespero de nada fazer sentido
se regurgito mulher auguro
um desafio à mente em claro desatino
com o másculo rigor apodrecido
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um raio de luz sol de luar
que matiza de energia
o segredo aferrolhado de ter nascido
de onde vim senão do mar
ou das profundezas da terra em agonia
serei semente ou átomo perdido
*
e se eu fosse uma semente germinada
por fusão a frio desconhecida
experiência galáctica sem fins lucrativos
exorto a minha mente tresloucada
a ver se encontro na memória escondida
os registos ou contornos escondidos
*
mas só encontro restos fragmentados
de pensamentos sortidos
o que me salva é a mulher cata-vento
que me concerta os bocados
e me indica rumos novos convertidos
é ela tão formosa o meu sustento
*
se ao menos eu visse a luz dum sinal
que a humanidade avança
libertada das hienas e dos chacais
acatando cada outro como igual
teria valido a pena nascer sendo criança
cativa de direitos tão desiguais
jrg/SamuelDabó