Os doutos comentadores
Ainda não se aperceberam
Que entre engenheiros e doutores
Os gays se antecederam
Primeiro foi aprovado
Entre aplausos do parlamento
O direito antes privado
Dos gays ao seu casamento
O presidente bem que blasfemou
Contra esta lei dita pela igreja contra a natura
Como se fosse um qualquer deus quem aprovou
A constituição dos genes que o corpo apura
Posta a lei em brusco movimento
Logo correram editais
Para que se aprove o orçamento
São precisos dois casais
Muitos se fizeram rogados
Exigiram explicações
Em comunhão de bens ou separados
Ressalvadas as devidas proporções
Litigaram no orçamento a partilha
Entre a despesa e a receita
Quanto fica a dividir pela matilha
Não levando o povo mais desta feita
Houve ciúmes lamentações desavenças
Uns concordaram entre sessões
Outros prometeram dizer sim e não como crianças
Mas concordaram não ser tempo de obsessões
Quem observar a vida quotidiana
Não pode dizer mal da situação
Correm notas paralelas por certo nesta gincana
Os combustíveis sobem aumenta no trânsito a confusão
Nos hipers nas discotecas nos casinos
A euforia não descola seja a crédito ou a pronto salva-se o brio
Não se pode contemplar no orçamento tais desatinos
Em nome do emprego e do orçamental equilíbrio
Sobem livres de taxas os lucros financeiros
Mais-valias criadas por cérebros de engenharia
A corrupção genética ganha companheiros
Ganham num dia o que o povo inteiro não ganharia
Já não importa fabricar novos produtos
O importante é a venda fictícia de ilusões
É mais fácil criar ideias fúteis que atributos
Não deixam desperdícios e nas crises geram fusões
O problema dizem é todo da educação
com a iletracia geral do entendimento
os sindicatos de professores confundem a Nação
o problema não é o estudo a competência é o orçamento
Em última instância inventam-se pandemias
Obrigam-se os povos a contribuírem
Afluem fluxos do tesouro sobem as arritmias
Os povos desesperam sem amor para se unirem
A justiça é uma panaceia viciada
Salvaguardada na superior teia legislativa
É concebida à medida dos crimes de cara lavada
E arbitra livremente a contento toda a comitiva
Há vozes discordantes sobre o modelo da economia
Uns querem que o estado apenas trace as linhas
Que entregue os bens supremos salve da crise a ignomínia
Outros que assuma do poder nossas vidinhas
Ouvido apenas quando se trata de eleger
O comum do povo discute nos bares o futebol
Desenrasca-se como pode da avalanche do poder
Entretém-se a discutir pequenas manchas de lençol
Em toda esta circense palhaçada
Só um palhaço será tristemente rico no momento
O jardim colorido da Ilha da Madeira
Ao descobrir no pote e no penico o tesouro do orçamento
Autor: JRG