SEGREIS DE LISBOA...NO TEATRO IBÉRICO!...
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SEGREIS DE LISBOA
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Joana o corpo todo balança
no rebate da corrente
doce a flauta ou traversa ao sopro toca
tons de azul rosa laranja
do amor que ela em si tanto sente
quando lhe passa na boca
a trova tocada em cor de esperança
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Miguel abraça a gamba com ternura
viola violino violoncelo
estremece em tons de roxo ou lilases
o arco que na corda apura
o som melódico atulhado em fino zelo
sabedoria d'almas tão audazes
que criam sobre a criação ou criatura
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Manuel é o maestro sem batuta
olhos e gestos sibilinos
dando a cor amena ou a selvagem
exalta de virtude a ninfa astuta
emenda a história dos valores fidedignos
pinta de branco as noites da coragem
e põe ponto final na vã disputa
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Ana canta virtuosa a Leonor
de verde grave a soprano bela e expedita
todo o corpo nela se agiganta
quando a alma toca a tragédia do amor
em cada nota a cor única erudita
ou o drama que a nossa alma espanta
se pinta de vermelho a tanta dor
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os quatro assim dispostos em cenário
um toque medieval de som e luz
fixam para a memória do que há-de vir
o verso do jogral em reportório
que toda a alma humana dele se seduz
ao ver em movimento o som luzir
nas cores fantásticas do seu aniversário
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autor: jrg