foto pública tirda da net
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LISBOA SITIADA...
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imagino Lisboa sitiada a transbordar
da alma cheia de país
vêm de sul Algarve da raia e Alentejo
do interior e rés ao mar
da beira à revelia do tempo douto juiz
amontoados em cortejo
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não pagam nem coimas nem portagens
vêm a pé ou de carroça
de bicicleta à vez da alma indignados
no desacerto das miragens
trazem olhos de esperança que destroça
o medo incutido aos deserdados
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sob escolta agressiva de carros de combate
o olhar firme lábios cerrados
vêm pedir contas ao mundo escalavrado
que os tem como gado para abate
galgam caminhos por estradas e montados
povo guerreiro do amor achado
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Lisboa transborda de corações a arder
também do norte e emigração
um sussurro de vozes suores e cansaços
de gente maior que afronta o poder
agitando a chama incendeia a revolução
contra o cinismo dos devassos
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e de repente sobre um silêncio extasiante
irrompe uma voz num cântico
sob uma sinfonia poderosa de encantamento
vem do lado do rio ou a montante
deste mar de gente que se levanta autentico
livre de ser seu o alto pensamento
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"erguidos os povos
sob a falência dos desígnios
de absurdos nacionalismos
com que nos encheram
consciências
carregaram de ódios
vinganças morticínios
e nos dividiram em lotes de subserviência
a uma ordem invertida
em nome de falsas
segurança justiça partilha
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e outra e outra tantas outras tantas
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levaremos de vencida
a ganância a hipocrisia o medo
a inveja e o poderio avaro
dos que manipulam a riqueza
e construiremos um mundo
novo sustentado
de realidade transparente
muralhado de amor
solto de preconceitos e segredos
onde a alma humana
seja um todo da natureza
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figuras magníficas exuberantes do belo
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de pé companheiras
porque são femininos os tempos novos
alerta companheiros
o tempo dos guerreiros já findou
tudo o que é supérfluo
que nos foi incutido por malícia
no luzir da decadência
a especulação do corpo da mulher
a violência sobre as crianças
a terra queimada
a extinção de espécies derradeiras"
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erguidas como deusas sobre o mar de gente
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eram vozes poderosas galopantes
de tenores barítonos
e sopranos em mágico movimento
surgindo como por encanto
envolvidos na música e por ela arrebatados
devolvendo a energia aos sitiantes
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"de pé erguendo a era nova da mudança
sobre os fragmentos dispersos
do poder servil prepotente patético
vitima voraz da sua ambição
o que trazemos de novo é o humanismo
na sua real e pura dimensão
onde cada ser vivo tem um papel importante
abolidas todas as guerras
e o direito de expansão da vil riqueza
o que trazemos é a liberdade
inteira de viver a paz o amor a fraternidade"
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suspenso dum Zepelim o maestro exultava d'alegria
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e o mar de gente numa maresia de silêncio
tocada pelo eco da memória
pôs-se lentamente em convulsivo movimento
tomou por asfixia decrépito e néscio
o poder da mentira recolhido em falaciosa oratória
implantou audaz o pensamento
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Lisboa perante tanto país em fúria capitulou
sem honra sem dignidade ou nobreza
pediram clemência os facínoras mal-feitores
à ópera que a todos empolgou
e logo ali em manifesto sim se aboliu tristeza
porque a era nova é dos amores
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autor:jrg
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