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NEOABJECCIONISMO

O abjeccionismo baseia-se na resposta de cada um à pergunta: QUE PODE FAZER UM HOMEM DESESPERADO QUANDO O AR É UM VÓMITO E NÓS SERES ABJECTOS?- Pedro Oom .-As palavras são meras formalidades... O NEOABJECCIONISMO, n

NEOABJECCIONISMO

O abjeccionismo baseia-se na resposta de cada um à pergunta: QUE PODE FAZER UM HOMEM DESESPERADO QUANDO O AR É UM VÓMITO E NÓS SERES ABJECTOS?- Pedro Oom .-As palavras são meras formalidades... O NEOABJECCIONISMO, n

16
Out11

15 DE OUTUBRO 2011 NA RUA...A MANIFESTAÇÃO DE LISBOA...

NEOABJECCIONISMO
foto pública tirada da net
15 DE OUTUBRO 2011 NA RUA...
A MANIFESTAÇÃO DE LISBOA...
***
Outubro solarengo
as folhas mal começam a cair
o trânsito cortado
policias fardados e à paisana
apitos desesperados
de pessoas acossadas medianas

ligo o rádio
a ver se há noticias
Antena um relato de futebol
TSF bola em movimento
Antena dois toca musica sacra
algo no mundo está morrendo

lá vem a massa humana
será gente?
será extensa espessa?
ou um filamento a conta gotas
que murmura e grita
sem medo do sistema que a agita

entro pela cabeça embandeirada
a ver em cada rosto
o propósito de ir até ao fim
olho por olho e o sorriso
o gesto a força da alma indignada
aspiro dos corpos a esperança

crianças a pé ao colo
mulheres da nova MÁTRIA em construção
empunham as palavras
empunham a vontade de vencer
acreditando na evidência
de serem a força insubmissa da revolta

choro de emoção
a lembrar outros já longínquos momentos
atravesso a humana multidão
que sai à rua a tomar da consciência
que não são reses 
apascentadas por pastores sem dimensão

murmuro Mátria..à Mátria...pela Mátria
toco corpos e palavras
troco sorrisos desfaço teias
são muitos trazem de sonhos a alma cheia
são como um rio que anseia o mar
da liberdade em abundância

procuro a ver de quem conheça
mas os rostos são todos tão iguais
e volto à cabeça
a ver se me acho nas parecenças
com a sensação de ser eu em cada um
no rompimento do silêncio

penso nas centenas de cidades
nos oitenta países todos juntos na corrente
que decretam o fim da insanidade
por um conceito novo de humanismo emergente
que liberte a cativa humanidade
que a devolva sem demora à sua gente

o rio de gente desagua em delta
numa envolvência frente ao parlamento
empunham cartazes exigentes
exibem pensamentos virtudes de excelência
contra a rapina que os quer insolventes
reclamam BASTA não pagamos mais

autor: jrg

13
Out11

VAGABUNDAGENS...

NEOABJECCIONISMO

 imagem pública tirada da net
**
VAGABUNDAGENS...

***
um teto de madeira
todo pintado de branco
uma clarabóia
aberta no topo do telhado
onde os gatos se abeiram
e marcam
emanações odoríferas
que ondulam
se ampliam determinantes
duma existência vadia

uma casa amputada
sobranceira à sua quietude
na obliquidade
que o tempo tardiamente
arruinou
pátria de formigas
de pequenas aranhas corredias
também no cérebro das pessoas
que nela habitam
numa existência erradia

um espaço infinito
azul à vezes cinzento outras
de negro doirado
onde balança a nave térrea
que sustém a casa
as vidas que nela pernoitam
se constroem sonhos
se esgrimem
desespero e esperança
duma existência vagabunda

uma linha de água
amálgama de microrganismos
torrente líquida cristalina
e de lamas lixos subservientes
que arrastam
se arrastam à velocidade dos ventos
no equilíbrio do abismo
na magia da magnetização lunar
que o expande ou retrai
numa existência transviada

um tempo adúltero
compartimentado em segmentos
de hora minuto segundo
semana mês ano década século
em catadupas de acontecimentos
que se esvaem
ou se fixam e emergem de novo
num mesmo lato estrito conceito
oportunista
duma existência errante

uma estrela guia
que o avanço tecnológico apagou
terá caído? buraco negro
nem deus nem pátria nem amor
apenas um espectro de insolvência
que atravessa o absurdo
das leis físicas ou sobrenaturais
que impelem atracções
erguem barreiras às afinidades
numa existência extraviada

um mar de gente biliões
sitiados pela força da gravidade
nascidos ao acaso
do acaso que limita o tempo da idade
educados para obedecer
desde o berço trabalhar honrar vencer
não importa se a morte
inscrita ou descrita no ADN cósmico
anular o sofrimento
duma existência atribulada

então Zeus imperial
subscreveu o tratado das almas errantes
segundo o qual todos os deuses
e todos os mortais à deriva na paz celestial
cessariam de senso comum
as providências cautelares impostas à humanidade
onde toda a riqueza gerada
pelas artes as ciências e o trabalho
beneficiam do estatuto de bem humanitário
para uma existência sustentável

os mortais ainda indecisos
o ouro das heranças ancestrais
os bens móveis e imóveis topo de gama
as contas bancárias recheadas
uns porque as tinham dentro ou fora bem guardadas
outros porque as almejavam alcançar
e como fazer tão drástica se evidencia a mudança
cessar da vida humana a liderança
da bélica da secreta da religiosa da financeira
que torne a existência sã e amorável

convocarei todo o Olimpo
sobre as ruínas de Atenas à voragem rendida
soprarei ventos moverei terras
entre continentes provocarei terramotos
destruirei bunkers secretos
e todas as mentes de almas criminosas
lançarei a luz do entendimento
para os que de tais acervos fiquem órfãos
varrerei os céus de todos os deuses
para uma existência racionalizada


autor: jrg
29
Set11

TOQUE DE SILÊNCIO...

NEOABJECCIONISMO

 


foto:Carla Sofia Ferreira
{#emotions_dlg.blueflower}
TOQUE DE SILÊNCIO
{#emotions_dlg.redflower}
hoje
porque me apetece
conhecer
no matraquear da memória
sobre os mortos
clamando esperança
ingénuos
que esperaram um toque 
de rebate
que os despertasse 
da insónia 
na letargia da espera
por um momento
um toque de silêncio
{#emotions_dlg.redflower}
hoje
porque me lembro
de ser jovem
no despertar desta aventura
de viver
das mulheres de xaile negro
do sangue vítreo
dos mortos
de olhos esbugalhados
acusadores inquiridores
ante a indiferença
ou a cobardia
por um momento
um toque de silêncio
{#emotions_dlg.redflower}
hoje
porque me sinto num turbilhão
de surdos rumores
que escorrem ilesos
por entre as camadas tectónicas
e me enchem a alma
no éter da existência
sobrecarregam neurónios
quase extintos
que ainda regurgitam amor
onde o sentimento
é aço gelo glaciar
por um momento
um toque de silêncio
autor: jrg
06
Fev11

TRILOGIA DA GLOBALIZAÇÃO!!!

NEOABJECCIONISMO

I
quando a loiça era areada
com a terra do chão
eis que a estrada asfaltada
nos deixa sem solução
***
é comprar máquina equipada
não custa um dinheirão
a prestações não dói quase nada
e poupas no coração
***
quando o comer era comprado
na medida da refeição
eis que o tempo ficou parado
sem hora para confecção
***
é comprar máquina de refrigerar
aumenta o espaço de lazer
não cansa uma vida por pagar
e amplia o total prazer
***
quando a roupa era bem lavada
n'água da chuva do juncal
enxuga e ao sol ser branqueada
secaram o pantanal
***
é comprar lava e seca numa só
pouco a pouco fica paga
não esfrega não apanha tanto pó
dura mais e não se estraga
***
II
quando o banho era em água aquecida
à semana que o tempo permitia
incutiram a limpeza diária apetecida
a pele tomou odores de apatia
***
é comprar apenas um clic no esquentador
num ano fica pago sem dar conta
se algo correr mal recorreremos ao fiador
mas Deus é grande compra e monta
***
quando andar a pé era exercício saudável
o piquenique o arco a peladinha
criaram a ambição de ter um automóvel
encheram cidades desta mesinha
***
é comprar está ao alcance da tua bolsa
não gasta aos cem a dinheirama
a vida são três dias que a morte acossa
mais vale abastança por derrama
***
quando ter sexo era de natureza virginal
e o casamento eterna fidelidade
incentivaram mudança mundano bacanal
sem ética ou critério de lealdade
***
é comprar amor à revelia mono parental
a fantasia a ilusão assim vendida
valem bem a submissão ao poder do capital
nesta ambição de viver desmedida
*****
III
quando a liberdade era condição humana
inventaram direitos de propriedade
para uns o todo material riqueza insana
para os demais o céu é a felicidade
***
quando a ideia de deus no mundo morreu
abalados pela fúria da multidão
enclausurados na riqueza já apodrecida
inventam usura prendem Prometeu
cessa a abastança exigem a paga da ilusão
sob pena do caos na terra vencida
***
quando no Planeta inteiro se ouve o clamor
contra insídia do poder descricionário
contra a nova escravatura eleger do amor
a real sabedoria ou era do visionário
***
quando promíscuos os cinco continentes
geridos por secretas sociedades
destruem de consenso florestas e animais
mudam fronteiras elegem tenentes
impõem regras geram tétricas calamidades
lançam desespero sobre os demais
***
é tempo do povo humano civil desobedecer
falar na hora a mesma linguagem
juntar o pensamento e de mãos dadas vencer
a letargia que ocultou sua coragem
***
por toda a parte onde a palavra se respira
um ramo de flores ou de floresta
uma miragem oceânica uma partícula de ar
pela mão de uma criança que aspira
em ser nesse mundo novo alguém que presta
e não podemos injustamente melindrar

autor: jrg

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