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NEOABJECCIONISMO

O abjeccionismo baseia-se na resposta de cada um à pergunta: QUE PODE FAZER UM HOMEM DESESPERADO QUANDO O AR É UM VÓMITO E NÓS SERES ABJECTOS?- Pedro Oom .-As palavras são meras formalidades... O NEOABJECCIONISMO, n

NEOABJECCIONISMO

O abjeccionismo baseia-se na resposta de cada um à pergunta: QUE PODE FAZER UM HOMEM DESESPERADO QUANDO O AR É UM VÓMITO E NÓS SERES ABJECTOS?- Pedro Oom .-As palavras são meras formalidades... O NEOABJECCIONISMO, n

18
Set12

EMBOSCADA INVERSA !

NEOABJECCIONISMO
foto do blog memória visual
**
EMBOSCADA INVERSA!
***
tinham picado a via
com varas de ferro ou aço que nas mãos tremiam
a cada passo medido em sofrimento
a alma pulsava dentro bem que a sentia
na frente iam milícias que mal se viam
mais longe andava perdido o seu pensamento
quando foi dada por finda a pica do dia
*
o grupo emboscou na floresta
dum lado da via à espreita de alguma ousadia
que o inimigo era tido de ingénua coragem
milhares de mosquitos no pescoço faziam a festa
aves e macacos agitavam folhagem na ramaria
nem brisa só fogo solar na sombra d'aragem
no silêncio mortífero do tempo que ainda resta
*
um ruído de motores assinala
a coluna de víveres que pachorrentamente chega
avançam exaustos por tanto descanso
o sol vai a pino no verde das árvores que o silêncio abala
sobem para as viaturas confiança sôfrega
a guerrilha é uma guerra sem tréguas não penso avanço
os macacos riem ou choram? em traje de gala
*
um estrondo boooommm tão súbito
mesmo na frente da viatura onde eu seguia encolhido
achei-me no chão entre vozes e os outros
a apalpar o meu corpo coração cabeça o fémur o cubito
a ver se por dentro tudo fazia sentido
e disparei para o ar tiros de raiva aos olhos dos monstros
sem entender o motivo porque me agito
*
não deu tempo ao silêncio o grito
dum jovem quase perfeito de joelhos fendidos
quero ver meu filho não me deixem morrer
mas era tarde e ele apenas só um homem aflito
a vida por um fio os socorros pedidos
quero ver o meu filho não me deixem morrer
a ecoar no tempo e no espaço restrito
*
ontem a guerra hoje o grito de revolta
a dois tempos um só povo grita a sua indignação
o comandante não pergunta se alguém morreu
nem os líderes se inquietam do grito de hoje à solta
apenas quantas as medidas que passam de mão
ou quantas munições ou viaturas se perderam no breu
quanto saber de ser ainda nos falta
*
e África ali entre poeiras de pólvora
 com Lisboa dos ditadores ontem hoje desalvorada
puxa culatra preme gatilho safa dos bastões
a mina e a mentira dum lado e doutro da metáfora
 não é a noite que enriquece a madrugada
ontem um grito sobre a morte acordou as emoções
 hoje um grito de esperança:vão embora
 
autor: jrg

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