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NEOABJECCIONISMO

O abjeccionismo baseia-se na resposta de cada um à pergunta: QUE PODE FAZER UM HOMEM DESESPERADO QUANDO O AR É UM VÓMITO E NÓS SERES ABJECTOS?- Pedro Oom .-As palavras são meras formalidades... O NEOABJECCIONISMO, n

NEOABJECCIONISMO

O abjeccionismo baseia-se na resposta de cada um à pergunta: QUE PODE FAZER UM HOMEM DESESPERADO QUANDO O AR É UM VÓMITO E NÓS SERES ABJECTOS?- Pedro Oom .-As palavras são meras formalidades... O NEOABJECCIONISMO, n

27
Nov11

LISBOA A CIDADE...

NEOABJECCIONISMO
imagem de Barragon
*
LISBOA A CIDADE
***
de onde a vejo
Lisboa pelo sol recortada
entre torres e abismos
fecho os olhos a ver se almejo
sinal da alma apaixonada
que povoa o pensamento de lirismos
num abraço e doce beijo
**
como pontas aguçadas
as torres solitárias do Restelo
a Torre o Centro Cientifico
marcas de almas da vida já passadas
Miraflores e o Castelo
o rio que corre para o mar fatídico
e nem um ar de gentes apressadas
**
nada no murmúrio do vento
a cidade fervilha de silêncio subterrânea
a ensaiar um grito de esperança
ou de amor que satisfaça a contento
a frieza d'oratória em litania
que resiste à crueldade da temperança
despida de sentimento
**
à esquerda a linha
no esplendor da luz majestosa
bafejando palácios e gentios
numa partida de golfe onde se cozinha
e tece a teia densa pegajosa
que prende a alma humana pelos fios
na avidez torpe e comezinha
**
de onde a vejo
Lisboa imensa a Capital do reino
ainda aurífera de vã beleza
a percorrer os túneis por um doce beijo
de raros amantes em retiro
sem o aroma de violetas com tristeza
a reprimir o sonho no desejo
**
é tudo falso e consentido
na revolta por ter medo na manifestação
no manifesto a sombreado
há em Lisboa a marca subjacente ao alarido
que enegrece de humanidade o coração
que quebra no ânimo insurrecto o almejado
acontecer do tempo renascido
**
alongo a vista a ver se alcanço
dentro das casas vazias de alegre sorriso
um movimento do inconsciente
um riso transparente de criança e logo avanço
armado do amor de que preciso
a despertar do sono a letargia permanente
onde a cidade mergulha sem descanso
**
autor: jrg
20
Fev10

"QUANDO UM HOMEM SE PÕE A PENSAR!..."

NEOABJECCIONISMO

a lua é um fio dourado em foice crescente

a noite fria no silêncio da cidade

falamos de amor no jardim da alma transparente

trocamos beijos carícias sensualidade

 

em cada noite atraídas pelo luar

as palavras se libertam dos ancestrais conceitos

escorrem pelos corpos docemente devagar

deleitam-se e entram persistentes em nossos peitos

 

já não se ouvem grilos nem o cantar das cigarras

por sorte ainda cintilam no céu estrelas

damos as mãos sorrimos quando me olhas ou agarras

desembrulhamos segredos ocultos nas almas belas

 

lembro de ouvir dizer aos cientistas

que a máquina viria devastadora substituir o homem

gerando abastança e desgraças nas conquistas

dum lugar seguro entre blocos de cimento e a desordem

 

lembro que a ideia era dar tempo à vida se realizar

reduzir o esforço e a carga do horário

enriquecer o homem no lazer em sabedoria e em pensar

não era atormenta-lo com encargo e sem emprego triste binário

 

entre o tempo de pensar e o deleite de amar

a lua percorre a sua rota envolta de magia

sorri e tem olhos que entram na alma para a encantar

tem um halo de mistérios que nos provoca e inebria

 

porque viemos que tempo é este que nos espera

enlaçamos os corpos na ansiedade da procura

sabemos que o homem deixou de pensar que desespera

que entregou à máquina esse esforço sem alma nem ternura

 

autor: JRG

 

 

 

 

 

  

22
Ago08

CRÓNICA DA CIDADE GRANDE

NEOABJECCIONISMO

Vista de onde eu a vejo, a Cidade é  extensa e intensa, dorme de luzes acesas em continuo e tem  a Lua poderosa como estigma dos sonhos.

Estou do outro lado da Cidade grande, descaído para a foz do rio  que a banha vindo de Espanha. Na marginal correm luzes possessas sem destino. Infinitas. Sei quando é o comboio, pelas janelas iluminadas, o som das rodas nos carris de ferro, ou quando é uma ambulância que se esgueira por entre os possessos dos outros, distraídos, a verem de onde vem o som de alarme, de SOS, se é para eles ou para uns outros .

Estou na penumbra da outra margem obscura frente à cidade grande e tive sonhos, tenho sonhos, de ser grande como a Cidade

O brilho da Lua quase ofusca as luzes da Cidade e produz ecos que ressoam na minha memória incandescente. A brisa é fresca, suave, amena e em frente há casa com luzes acesas.

Fixo os meus olhos em uma delas, é como se um pisca-pisca alucinante, como um íman poderoso, distante, me apelasse o registo. Sim, são dois vultos que se movem, parecem lutar pela posse de algo que não vejo ainda bem. Sinto que são um homem e uma mulher, ainda jovens. Acusam-se mutuamente, gritam, choram e agarram-se desesperadamente, soltando palavras que ferem. Culpabilizando-se. E movem-se em contínuos movimentos de vai e vem em roda de um candeeiro de mesa ou de tecto.

_Acreditei nos teus sentimentos. Na tua lealdade. Saíste-me um traste. São palavras da mulher entre soluços de dor profunda._ deixaste de me amar.

_Tu é que só pensas em ti, não tens a noção de projecto conjunto, de espaço. Já não me amas e eu amo-te. Quero amar-te sempre. _São dele, as palavras proferidas  no silêncio aparente da Cidade. Silêncio absurdo sobressaindo dos ruídos.

Percebo, o que eles disputam. É algo invisível que se lhes escapa a cada gesto Disputam amor, algo que sentiram, que sentem, mas que não entendem como se esfuma, se esvai deles que o  querem reter, porque o queriam estanque, à mão de cada zanga, à mão dos desejos quando o desespero de ficar só aperta o sentimento de amar.

Desvio os olhos para a luz azul celeste na negritude da noite. Impaciente perante a passividade, o condutor liga a sirene. Leva uma criança que chora, que arde em febre de origem desconhecida. Um homem e uma mulher trocam olhares de socorro mútuo. Dizem palavras com os olhos, entre si e para a criança que lhes estende os braços. O seu filho. E é amor o que vejo, tanto que me seduz, me pára o pensamento, me encanta de mim, porque são formas de amor distintas que eu vejo naqueles olhos e naqueles olhares. Amores diversos, acutilantes, que se entrecruzam.

Curiosidade geométrica

autor:João Vicente

Gente jovem deambula pelas ruas em busca de mais horas de vida. Garrafas de cerveja nas mãos, risos estridentes, palavreado fácil, inútil. Apenas palavras para se ouvirem. Palavras que procuram projectar alegrias em si e nos outros. Palavras , por vezes amargas, outras obscenas, arrogantes ou simplesmente afectuosas, se são amantes. Palavras para esquecer ao dealbar do dia.
Que fiz? Por onde andei? Que foi que disse ou prometi? E a quem? E amanhã?

Vejo brigas, discussões fúteis que provocam agressões. Assaltos de delinquentes menores.

Capitães da rua, decididos, disciplinados, cheios de vontade de serem maiores, ou tão grandes como a cidade. Seguem em grupo porque sozinhos perdem a força. Caçam como as Leoas, em grupo, escolhem a presa, também a mais fraca, debilitada.

Há gente que trabalha, despudoradamente, trabalha na noite para que a Cidade não estagne. Trabalham para poder pagar tudo o que gastam , que se torna numa justificante, para  continuarem a trabalhar. A apresentação, o carro, a alimentação, a casa própria, o estatuto, a moda.

Vagabundos alienados procuram insistentemente nos caixotes de lixo algo que os reconforte. Têm pressa, antes da recolha que os inibe desse prazer de achar. Vasculham. Lançam impropérios por entre os dentes moídos, descarnados quando se riem.

Ás vezes procuram apenas um pedaço de cartão que lhes sirva de cama, um leito diferente, de cores e cheiros. Discutem uns com os outros, é meu! A garrafa vazia.

A Lua aproxima-se inexoravelmente da linha do horizonte, de onde passará para o outro lado de onde a vemos, estamos, de onde estou. E sei que o seu movimento produz mutações, alimenta desejos. Sei que influi na essência das almas que vagueiam na noite. E nas que dormem, que se disputam nos sonhos.

Estamos no dealbar de uma nova aurora e ainda tenho tempo de olhar a luz fraca, adormecida, do 12º , imponente, do lado de onde o Sol nasce, e aperceber-me dos movimentos exaltados de dois amantes que se entregam, como que na totalidade, tal a fluidez dos gestos e dos aromas que me chegam, os gemidos de prazer, os beijos, os ais do clímax, dum absoluto de amor.

Olho os corpos desnudos, despreocupados, relaxantes que as mãos de um e outro se acariciam ternurentos.

E mais à frente, salteando de janela em janela, os solitários que a insónia mantém vigilantes, desesperados de procuras insistentes sem achado: os amores frustrados, amigos desleais, contas por pagar, o desemprego, os pais que os abandonaram sem afectos, filhos desviados, os objectivos difusos, falhas de amor próprio, procuram, no passado, no seu passado, razões de afectação ao presente e esquecem-se de si, do seu interior onde tudo adormecido podia despertar, onde se asfixiam na amalgama de sentimentos profundos, dolorosos que  se comprimem na ânsia de se soltarem, de uma palavra chave, uma luz, um milagre de si.

Sinto uma mudança brusca na aragem e um clarão ténue de claridade. Vai ser dia.

Ouço as vozes cavernosas dos primeiros pescadores, dos que chegam e dos que partem.

É o momento preciso em que a Cidade perde o brilho entre a bruma opaca da manhã junto ao rio.

Imensa, a Cidade grande, é agora um esboço e regurgita de um outro tipo de vida.

 

 

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