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NEOABJECCIONISMO

O abjeccionismo baseia-se na resposta de cada um à pergunta: QUE PODE FAZER UM HOMEM DESESPERADO QUANDO O AR É UM VÓMITO E NÓS SERES ABJECTOS?- Pedro Oom .-As palavras são meras formalidades... O NEOABJECCIONISMO, n

NEOABJECCIONISMO

O abjeccionismo baseia-se na resposta de cada um à pergunta: QUE PODE FAZER UM HOMEM DESESPERADO QUANDO O AR É UM VÓMITO E NÓS SERES ABJECTOS?- Pedro Oom .-As palavras são meras formalidades... O NEOABJECCIONISMO, n

30
Nov13

ACORDEM! NÃO SOMOS DONOS DE NADA!

NEOABJECCIONISMO
imagem tirada da net
*
ACORDEM!
NÃO SOMOS DONOS DE NADA!
*
vieram duma outra galáxia
a ver se nos conheciam
se éramos gente ou matéria inflamada
a viver numa mórbida asfixia
de ideias gaseadas que à partida faliam
prestes a explodir daqui a nada
*
o tempo voa
inexoravelmente sobre os despojos
fragmentos do homem
ingénuo umbilicalmente desligado
do exercício cismático
que eleva e exubera o acto de pensar
*
o planeta ardia visto de fora
em lenta e conturbada combustão
se éramos gente seria engano
porque nenhuma espécie se dava como penhora
por uma ideia vaga de nação
mas se era matéria o que viam de que tipo humano?
*
crescem flores silvestres
na berma dos passeios pela cidade
como um retorno selvático
ao sítio onde o vento as pousara antes
do homem tomar assentamento
crescem para apagar ruínas pendentes
*
os galácticos pasmam
perante o fausto o desespero a inacção
os desarticulados liames
que se interligam e mais à frente se rasgam
sem que provoquem reacção
nem um fluxo de decência a erigir os ditames
*
que desejo é este de barbárie
por ausência absurda de humanidade
que acorda e sufoca toda a gente
como quem desperta dum sonho pesado
com fantasmas de todos os tempos
custa a acreditar que são tempos novos
*
e resolvem pôr ordem no universo
um vento ciclónico varre a ideia de ganância
uma brisa espalha a nova dimensão
o sentido da vida é feminino não o inverso
é interdito ceder à manigância
proclamam o dever catársio da razão
*
é um hiato no tempo
penso alongando o abismo da memória
involuntariamente tardia
porque ninguém cede senão à violência
dos que metaforicamente a provocam
ou a dos que no sufoco sacodem a indignação
*
vieram duma galáxia distante
não trazem armas nem ódios nem sofismas
injectam nos genes uma só língua
um só desígnio o da alma humana pensante
um clarão de luz de estrelas raríssimas
reparte abundância por crianças à míngua
*
as palavras trazem nova sensatez
angústias desavenças tornam-se voláteis
religiões pátrias jazem falidas
irrompem sinfonias poetas e artistas à vez
os mais fortes amparam os frágeis
as roseiras defendem com picos as rosas floridas
jrg
22
Set13

MÁTRIA . A GÉNESE...

NEOABJECCIONISMO
foto tirada da net
**
MÁTRIA - A GÉNESE
**
assim como a natureza
gerou do caos a vida
também eu mulher gerei o homem
quero indagar com a certeza
de quem me condenou a ser inválida
para governar esta desordem
*
perscruto fundo a consciência
juntando fios da memória
às deusas míticas aos deuses desvalidos
para que se faça luz à evidência
de eu mulher ser quem faz a história
apesar de tantos desmentidos
*
não basta que seja adulada
pelo eufemismo da virtude
ou por ser do belo extra sensual
o que quero é ver validada
a mais-valia que sou em atitude
como mãe da vida estrutural
*
a mente masculina
inventou um jogo de poder que é perigoso
onde o todo é submissível à ganância
mentindo e prometendo a paz mais columbina
enquanto faz a guerra para seu goso
ejaculando palavras absurdas de jactância
*
a involução trouxe a mulher
para a frente do combate
que se trava aberto em cada pensamento
contra a estupidez absurda do saber
que teima em condenar os fracos para abate
para gáudio de mais um emolumento
*
esta nova mulher é substantiva
não usa rímel nem corantes
nem se permite o vexame de ser usada
pensa uma vida nova que a cativa
para lá da luxúria do dinheiro e dos amantes
que a querem presa e bem casada
*
esta nova mulher é toda a consciência
da miséria moral da servidão
a que a ordem mundial condenou os povos
ela é a deusa humana em evidência
perfumada de amor luta na frente em contramão
ciente que traz no ventre rumos novos
*
Mulher...
por jrg
24
Mar12

DEUSA...MÃE...MULHER...À TUA ESPERA...

NEOABJECCIONISMO
foto pública tirada da net
*
DEUSA...MÃE...MULHER...À TUA ESPERA
não é um culto ou religião é a esperança Terra
*
um gato mia na madrugada
um cão solta latidos lúgubres
morcegos esvoaçam agitados sob os telhados
não há pontos luminosos no céu
a noite é cinza de nuvens condensadas
os meus pés tocam o chão de negro
toco em vultos de arbustos entre árvores fantásticas
rumores de pássaros inquietados
África geme no silêncio da sua inquietude
"civilizada" a retalhos desnutrida
de comida de água e de valores humanizantes
sopra o vento de sudoeste
sôfrego de varrer a absurda calmaria
a Ásia emerge das profundezas
contraditada contraditória imersa em obscuros desígnios
vai chover... raios de luz... trovões...
penso na América...na Europa...em plena sintonia
sob o declínio inevitável da abastança
caminho sem rumo na rota cósmica da esperança
tropeço em preconceitos decadentes
falsos pudores abandonados à ética insolvente
o piar do mocho arrepia-me
ou será uma coruja agoirenta ou o chiar do vento
Oceânia porque me interpelas de tão longe?
um rato morto dissecado por um vai e vem de formigas
a chuva forte faz um ruído estranho
na folhagem no asfalto no oleado que me cobre
toca-me fria e húmida de silêncio
quebrado no chapinhar pausado dos meus passos
quantos terão sobrevivido?
crucifixos amuletos restos de religiões obsoletas
resquícios de certezas na enxurrada
há quanto tempo caminho na procura da esperança?
dizem-me os sonhos que se refugiou algures
que importa não haverá mais dias meses nem anos
tão só dia e noite sol e lua...estrelas...
e não apenas eu ou nós caminhando a par do tempo
que se regenera em pousio a fermentar
*
quando de súbito um facho de luz intensa na escuridão
me dá a ver da rota recta a dimensão
vultos femininos almas e corpos em passos gigantescos
quero gritar mas não ouço mais que o vento
Ana...Rita...Marta...Maria...Joana...Sofia...Edite...Conceição...
sufoco a memória dói-me o pensamento
Paula...Marisa...Raquel...Rosa..Isabel...Luísa...Leonor...
nem me adianta correr por mais que o faça ou grite não alcanço
mas saber que não vou só dá novo alento
hei-de chegar à meta nova de que almejo a projecção
*
autor: jrg
(pária...apátrida...cidadão da MÁTRIA em construção...)

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