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NEOABJECCIONISMO

O abjeccionismo baseia-se na resposta de cada um à pergunta: QUE PODE FAZER UM HOMEM DESESPERADO QUANDO O AR É UM VÓMITO E NÓS SERES ABJECTOS?- Pedro Oom .-As palavras são meras formalidades... O NEOABJECCIONISMO, n

NEOABJECCIONISMO

O abjeccionismo baseia-se na resposta de cada um à pergunta: QUE PODE FAZER UM HOMEM DESESPERADO QUANDO O AR É UM VÓMITO E NÓS SERES ABJECTOS?- Pedro Oom .-As palavras são meras formalidades... O NEOABJECCIONISMO, n

23
Dez18

FESTAS FELIZES

NEOABJECCIONISMO

 

PRIMAVERA 0.jpg

acrílico de Nuno Gonçalves

*

FESTAS FELIZES
*

não sou dono de nada
nem de ninguém
se gritei vivas à Pátria esclavagista
perdoem-me a lograda
tentativa de parecer bem
à primeira vista
*
nasci por detrás das dunas
como horizonte o mar
temi os castigos do omnipotente deus
porque me disseram oportunas
palavras de medo e pesadelos ao luar
contra os chamados ateus
*
disseram-me que deus protegia
os pobres contra a ganancia
mas cresci a aprender que deus foi inventado
pelos ricos para sermos serventia
da sua ambição de poder e inconstância
fiquei por um tempo desorientado
*
fui menino triste do chamado natal
sem festim nem presentes
os pés mal calçados a roupa remendada
sem prendas e uma ceia frugal
a tiritar de frio e a bater os dentes
numa casa desolada
*
todos os dias festejo o natal de alguém
parabéns e um Abraço
troco sorrisos e palavras Amigas
atento ao mal que a vida tem
sublimo o Amor em tudo o que faço
não cultivo ódio nem intrigas
*
parabéns Amigas e Amigos
por mais um natal passado em harmonia
que o próximo ano seja de Primavera
que o Ser pessoa se liberte de divinos castigos
Paz e Amor construídos em cada dia
com a consciência livre a alma pura quem me dera
jrg

15
Out14

PODIA SER UMA TURMA SÉNIOR NA UNIVERSIDADE DA VIDA

NEOABJECCIONISMO

 

Podia ser uma turma a frequentar a Universidade da vida, na sua parte mais imaterial, e talvez fosse, ou seja, com brincadeiras inocentes e ou maliciosas, ditos da alma como quem se liberta de uma pressão aglutinadora de anseios, de sonhos, de preconceitos e se ousa expor confiante de aprender com as vivências, sem mácula, sem soberba nem certezas, apenas de si. Partilhando, partilhando-se, depurando da vida real as incertezas, a atitude impura exaltando do ego a esfusiante euforia de viver.  A liberdade do ser que vai sendo, a paz, a alegria,  a luz, o saber de aprender, o amor, a amizade, o aroma das maresias da alma.

_A alegria, ás vezes irónica de Teresa, membro decano da turma, alma poética de uma sensibilidade excitante que exala juventude, os olhos azuis claros como lago de águas puras onde descansam nenúfares. O cabelo prateado sobre o ouro da sabedoria. O Porto é o seu reduto, cidade esbelta, o sol e o mar…

_Astrid Annabelle, Brasileira irmã de língua e genes, que cultiva a virtude de se doar inteira, repartindo-se por inúmeros locais de partilha humana, autora, criadora de sistemas de entreajuda, amiga de alma e na alma, espiritualista não convencionada, de dentro de si.  Mulher da cultura multidisciplinar que nos honra com a sua disponibilidade. Um mimo da humanidade neste recanto, vinda da Mata Atlântica com um olhar Amazónico sobre a paz.

_As gargalhadas cristalinas de Paula, bela, os mistérios encantados em que nos envolve, nos seus doces olhos verdes. Encantadora.  A alma apaixonada, o amor e a ternura que são o mote da amizade a que se dedica, as convicções do que significa certo na sua concepção, a inocência assumida quando se dispõe a libertar de si a criança que subsiste ávida de  divertimento e de atenção. Paira sobre Sintra e olha com nostalgia a paisagem Beirã.

_Rosa, amante eximia da poesia, incompreendida, mal amada, mas de onde ressalta a alma que se encanta do desencanto e parte como louca na descoberta do seu mundo, ou de um outro mundo onde se permeiem os sentimentos belos que nela são a luz de um outro olhar que teima em  evadir-se, temer-se de se encontrar. E é de Sintra, a bela, medieval, que se lança nesta aventura de dizer.

_Linda Fatinha, de onde os olhos grandes, castanhos como os cabelos compridos sobre os ombros, nos olham, mansos, sorrindo, na falta do sorriso que os lábios cerrados fazem pensar não ter a empatia do fotógrafo. Comentadora com palavras sinceras, simples, de todos os escritos e que nos presenteia com textos próprios ou alheios que procuram ser uma via para o nosso conhecimento de nós. Mulher do Norte, o Porto a viu crescer  como mulher e lhe dá vida e renascer em arte e em amor.

_Diana, tão doce nas palavras, os olhos infinitos que procuram em volta a dor e um sorriso que a conforte, que nos traz da natureza a quietude e da alma humana o sublime sentir da amizade. Quando falas estremeces o meu coração de menino intimidado. E no entanto, tudo é belo em ti, e sábio, do Minho lindo, onde Barcelos é apenas um espaço da vivência.

_A poesia de TiBéu que canta a saudade o amor eterno na infinitude do amor visceral, a maravilha do seu olhar sobre o belo que nos rodeia e que nos trouxe nas fotos de extrema beleza que traduzem a sua sensibilidade para a vida, a harmonia, a paz,  a consciência de ser um elo de cadeia que une e revigora. È de Leiria que me vem o teu olhar nobre e poético, o som harmonioso e feliz das tuas gargalhadas.

_Os contos eróticos de Ricardo, tanta ternura, a vida refulgindo nos mistérios da aventura de viver. Prosa cuidada, expressão madura, vem vindo, a dar-se a nós sempre que pode, ele é alguém que aviva o lume permanente do mundo poesia. E é Leiria o seu berço de onde emana pura sua amizade.

_Nayoko, porquê tanta amargura, sinto tanto que muito do que tu és e sentes se perde no silêncio que é ainda memória na memória das palavras. O teu sorriso, quando nos olhas firmemente, ilumina a página de onde sobressai a tua alma pura. Na margem sul do rio que banha a Capital és a rainha, acredita na tua imensa sabedoria.

_O Bruno contempla o mar revolto, inquieta-se no deslumbramento de se olhar menino, de vez em quando desperta-nos para uma realidade que se esconde na solidão do ser, a de que somos apenas uma gota minúscula que teima em sofrer. Chamo-te à alegria. Do Porto onde o trabalho é lei, ganha a força. És capaz de grandes ousadias e tens a vontade de vencer.

_Dreamer, ou o sonho belo da menina que pensa e vive o ser mulher e se constrói plena de vida, excitante na rebeldia da sua juventude. Tão profunda, tem o dom das palavras que seguem um rumo na descoberta do amor e do sentido que viver indica, é bela. Tem tanto para partilhar, linhas esbeltas de escrita, mas penso que ela não acredita quão sábios são os seus pensamentos.

  Princesa de Sintra que Lisboa namora com ansiedade de a ver revelar-se desnuda de medos, confiante dos valores que a constituem.

 

_A pobre_o_tanas, imagem colorida de uma mulher menina, doce e terna, amiga do coração, uma alma que se oculta na face mais exposta, tímida, a alma, que ela não. Ela é a coragem definida na ironia das palavras. Marcas salientes, sorriso abrangente.  Olhar de avisos à navegação. “olhem que eu não!...” é bela, linda …tem dotes valiosos e tem da vida a paixão. É da raia de Lisboa, da leziria exuberante e fruto de amores desavindos, tão profunda, esta menina que me traz cativo de amigo.

_Evoco a beleza de Laura que nos deixou imagens e palavras sedutoras, de Terras da Maia, Porto profundo, desavinda com a vida e da vida o amor, desilusões pungentes e nós que queriamos tanto agarrar a sua mão, manter-lhe o sorriso e a esperança. Sermos parte dela, da reconquista do ser...

_Da beleza etérea do Funchal, repartida entre Lisboa e a Ilha pérola, Neide, vincos na alma, que encanto de mulher. Belo o que pensa e escreve de onde se evidenciam os vincos que fazem dela um ser ainda maior que cresce e amadurece a cada momento que respira, deixou-nos apenas um principio de grandeza de alma, por isso lhe sinto mais a falta, porque imagino o bem que nos faria.

 

25
Mai13

PREFÁCIO DE LAUREANO CARREIRA PARA O LIVRO "A insurreição das PALAVRAS"

NEOABJECCIONISMO


**

PREFÁCIO DE LAUREANO CARREIRA PARA O LIVRO "A insurreição das PALAVRAS"

da autoria de joão raimundo gonçalves

***

 

Há os autores que fazem poesia a olhar para o seu eu interior, à maneira de António Nobre ou de Florbela Espanca e de tantos outros, e depois há aqueles para os quais a palavra poética é expressão de sangue e raiva a brotar do interior em chamas. O seu, ou o de outros homens, que importância, pois que o poeta os assume como seu: “sinto o sangue [do povo] nos corredores confrontado com a desgraça”.

Meninos e moços, enquanto o breu da noite virava à aurora, íamos da praia da Costa da Caparica à Fonte da Telha atrás de uma linha com muitos anzóis atirada ao mar e arrastada pela corrente de norte para sul. No final havia alguns peixes que eram recompensa dos milhares de palavras trocadas durante a noite e dos sonhos acalentados pelo ardor da juventude: “não desistas nunca de sonhar” homem! Pois que é a vida se o homem não sonha?!

Palavras?

Não, não somente palavras, já que as palavras mais não são do que expressão do sonho, pois é com palavras que o homem sonha.

E é com as mesmas palavras que o homem exprime a dor de se sentir “Sísifo condenado / não de lacaio mas de jumento / a carregar o fardo enxuto de semente”.

A poesia de João Raimundo Gonçalves é uma poesia alimentada pela necessidade de esperança, quantas vezes carregada de desesperança, na qual a descrença no homem se transforma em apelo gritante à revolta libertadora. Como em Chove e na sua notável força expectante de que “pudera esta chuva à revelia / dos conceitos servis por anedóticos / arrastar na lama da corrente / impelida pela nossa portentosa rebeldia / agentes da desgraça patrióticos / salvadores de pátrias vazias de gente”.

A Insurreição das palavras é um apelo Às musas ninfas de espuma que “correm nas veias confusas / em passos de contra dança”. É a esperança e a recusa do olhar indiferente para o outro que estão em cada uma das palavras de João Raimundo Gonçalves. Mas também o amor da vida vivida para além das dificuldades do quotidiano. Filhos, e netos e palavras dolorosas ou carregadas de esperança são neste livro um apelo à “alforria das almas mortas”. Porque a vida brota do sangue, e assim deve continuar enquanto sangue houver. Como quando um homem corre, e corre, e corre pelo trilho do unimog numa pista da Guiné para não acontecer saltar com o unimog. Se sobreviveu ao quartel enterrado, às operações guerreiras, e às granadas, e aos tiros, à fome e à sede, se o homem conservou a Lucidez da [sua] loucura, por que arriscar a persistência da vida quando a salvação do corpo e a porta para o inferno da alma que recusa a indiferença do outro estão no final da picada? E o homem corre, corre, corre até à exaustão de si para ganhar para a sua eternidade o inferno de ser outro. Daí A Insurreição das palavras, que já eram palavras carregadas do iodo da praia da Costa da Caparica pelas noites de invernia antes de serem livro.

 

 

Laureano Carreira

Cabourg, Março 2013

26
Jun12

AMAR NÃO CANSA!

NEOABJECCIONISMO
imagem pública tirada da net

**
AMAR NÃO CANSA
***
dizes que és velha
que estás velha
e eu vejo-te tão menina
serão os meus olhos
ou os espelhos onde te vez
que mentem?
*
os teus lábios ainda me sabem
a frutos maduros
os teus odores ainda me excitam
libertinas emoções
tão lindos são os teus olhos
luminosos de ternura
*
dizes... não vês as rugas
de tão profundas
a pele sem brilho envelhecida
o coração cansado
a alma sem chama quem a quer
sou estrela já cadente
*
a tua pele fresca macia
é o que eu vejo
o encanto dos teus passos
teus seios o meu fascínio
teu lume queima quando te toco
o coração palpita embevecido
*
dizes que sou louco desvalido
sobrevivente em poesia
a beleza da flor está no viço
com que irrompe
pela nudez ao centro do jardim
se murcha é tempo de morrer
*
sinto por ti tanto carinho
o desejo a fermentar
na alma tua e minha nosso alvor
só espero o teu sinal
que ilumina teu rosto de luz diferente
e deixa o coração s'enamorar
*
dizes que te dói o movimento
quando o amor nos queima
e o desejo se instala docemente
sejamos justos com o tempo
somos de viver assim enamorados
tão bela dentro e fora do sorriso
*
amar não cansa tão de tanto
nem a dor persiste ao sentimento
a idade tem a cor do arco íris
meus olhos te vêem jovem além do tempo
haja o que houver contigo sou feliz
ainda nos falta o jeito para então morrer
*
dizes que está tudo quase feito
nada mais falta viver
mas trazes ao colo novos enxertos
que reclamam a tua infinitude
nosso amor é para durar eternamente
ainda que seja noutro pensamento
*
autor: jrg
27
Mar12

QUEM LÁ VEM...

NEOABJECCIONISMO
foto pública tirada da net
*
QUEM LÁ VEM..
*
quem lá vem
delicada bela feminina
é deusa ou poetisa
traz nas palavras segredos de mãe
nos versos a cor que insemina
a paixão do amor que a vida suaviza
*
quem lá vem
agitando os olhos na lonjura
passos leves meu encanto
envolta nos aromas que a rosa tem
fulgor de luz que ela apura
nas cores de fantasia do seu manto
*
quem lá vem
e me sorri com lábios de esperança
traz no poema a formosura
que as palavras exalam mais além
alegres no tempo que avança
a cada passo em sua alma com ternura
*
quem lá vem
tem um sabor a mar e natureza
o toque subtil que arrepia
este meu sentir na alma ao ser refém
de tão exuberante beleza
que me traz em salva d'ouro a poesia
*
quem lá vem
é mulher livre corajosa
com um sexto sentido agudizante
crente na força que provém
da sua infinitude humana e virtuosa
criadora de vida humanizante
*
quem lá vem
rebentos de amizade úbere a florir
é a primavera do amor
sementes de liberdade alma d'alguém
que não teme abrir os lábios e sorrir
como pétala orvalhada de flor
*
quem lá vem
rebelde destemida em construção
é da alma feminina o mito
que remove montanhas e traz também
um mundo novo à sua dimensão
que eu daqui saúdo porque sendo dela acredito
*
jrg
10
Mar12

A MÁTRIA E EU...

NEOABJECCIONISMO
foto pública tirada da net
*
A MÁTRIA E EU...
*
que faço eu ainda aqui
se poeta não sou
tão só me apego à poesia
se é para que não pensem que fugi
aprendiz de viver que se enterrou
mais valia morrer de fantasia
que ser vivo a fingir que não morri
*
por isso venho à gandaia
achar palavras plenas de emoção
que ao tocar nas minhas as exaltem
não temo preconceito nem a vaia
quando entro na cratera do vulcão
humilde espreito a ver se batem
ou se condescendem para que não saia
*
assim me fiz à aventura
de não sendo ser poeta por analogia
canto o amor o ódio e a criança
ensaio em regras próprias com ternura
meu modo de dizer a poesia
e a cantar renovo em mim e noutros a esperança
de ver nascer um dia a Mátria pura
*
autor: jrg
(pária...apátrida...cidadão da MÁTRIA em construção)
28
Fev12

AMIGO...

NEOABJECCIONISMO
foto pública tirada da net
*
AMIGO...
*
amor tanto de amigo
quantos terão
daquele que não teme
nem fecha postigo
que aquece alma e coração
quando a angustia geme
e tudo em volta é negativo
*
amor tanto de amigo
quanta ilusão
na hora agreste da verdade
se procuramos um abrigo
quando por erro ou injusta decisão
nos privam de liberdade
encolhe os ombros evasivo
*
amor tanto de amigo
tão verdadeiro
que nos sente à maior distância
nos procura sem castigo
antes que seja tarde ou derradeiro
nos acompanha na solvência
espera dá-me a mão que vou contigo
*
autor: jrg
02
Fev12

À CATA DO HOMEM...

NEOABJECCIONISMO


À CATA DO HOMEM...







imagem pública tirada da net
***
 
À CATA DO HOMEM..
*
da janela frente ao rio
gaivotas a mariscar
aguas mansas carpideiras
vêm vão num corrupio
de correntes solidárias com o mar
que as namora matreiras
sensual como uma fêmea no cio
*
da janela uma travessa
entre ruas sem saída
rumos novos o rio apruma
gente a viver sem pressa
formando correntes ávidas de vida
onde a morte as desarruma
e a sensualidade se lhes confessa
*
da janela o mundo renova
toca o sino na igreja
aviva a memória preguiçosa
antes do saber que prova
quando o rio se faz ao mar e beija
gente tão mimada graciosa
amante do intimismo da alcova
*
da janela só entreaberta
entra cheiro e sabor
a vaza na maré envelhecida
entra sol e brisa te alerta
quando chega o tumulto do rumor
se apaga a melodia vencida
no silêncio absurdo que desperta
*
da janela ó tu meu amor
só teus olhos abrem
quando a sentem rutilantes
nos batentes com fragor
a frágil torrente por onde escorrem
fluidos dos odores gritantes
que sulcam rio e mar a meu redor
*
da janela o desassossego
tanta tela por pintar
num dia se m'acorda criança
alma triste em desapego
odiado odiento em me acrescentar
reinvento amor ou esperança
escapar ou à solidão me entrego
*
da janela o homem à cata
eu de dentro p'ra fora
extasiado ante a luz e o belo
de tanto que ainda falta
para não ser apenas esta metáfora
que nem a mim próprio revelo
que me arrepia e me sobressalta
*
da janela enfim liberdade
rasgo o tétrico medo
que encurrala o pensamento
que importa ter a idade
mas não dominar amplo o segredo
do juiz que julga o cabimento
onde não cabe nem humanidade
*
da janela o rosto mulher
e a alma a memória
pensamento força esperança
ideia nova a reflorescer
correntes de ar sopros da história
ainda no andar duma criança
onde me procuro e te acho a ser

autor: jrg
23
Jan12

ESPECTRAL...

NEOABJECCIONISMO
foto: stressadinha.blogs.sapo.pt
***
ESPECTRAL...
*
um tronco nu despido
de árvore madura talvez centenária
silhueta fixa e escura
num estático indolente bramido
expectação sumária
envolto em neblina alva e pura
na friagem amanhecido
*
dum lado a morgue
d'outro maternidade hospitalar
a meio pessoas urgentes
quem ingenuamente a santos rogue
sorrisos para nados a chorar
angústias dor alegria permanentes
por um remédio que as drogue
*
erva nasce livre no valado
uma brisa leve os ramos velhos agita
caem folhas mortas resistem
solitário o poeta pensa encimesmado
a vertente humana que habita
há milénios que saber e dúvida coexistem
na penumbra do tempo empolgado
*
quando o corpo mal padece
a alma enfrenta acobardada o existir
imersa no medo de morrer
porquê se a morte é um valor que enriquece
o sistema da memória o porvir
humanismo que tarda em nosso alvorecer
na gélida manhã que me aquece
*
esvoaçam aves orvalhadas
um melro parou no asfalto estranhamente
o vagabundo acorda na sala de espera
espreita o dia cinzento e solta gargalhadas
sorve fumo do cigarro avidamente
e gazes das ambulâncias que o ar tempera
loucas agonias faces descarnadas
*
passamos a vida a correr
porque temos compromisso com alguém
incrédulos das leis que recusam
a soberba o desprezo pelo outro o exceder
da indiferença pela mátria mãe
orgulho desviante verdades que abusam
do senso bom ou mau para vencer
*
como um espectro medonho
galhos expectantes captam partículas
aspiram o húmus da terra
escondidos em nevoeiro baço tristonho
absorvem excêntricas gotículas
que planejam florescer numa nova era
onde o todo seja mais risonho
***
autor: jrg 
(pária...apátrida...cidadão da MÁTRIA em construção...)
14
Jan12

REVOLUÇÃO...

NEOABJECCIONISMO
imagem pública tirada da net
*
REVOLUÇÃO
***
vem mulher
nem deusa
nem salvadora
apenas mulher
inteira
com teu ventre
de luz
tua alma justiceira
teus olhos
de ternura
teus lábios
sorrindo sobre a dor
tua força de viver
*
vem
são tantos
quem já te espera
antes que venha a ruína
a carência de tudo
de amor
de ternura
de saudade
onde a natureza definha
à falta
de atitude
dum mundo louco
canalha
*
vem mulher
revolve a alma
a minha 
a deles humana
fertiliza 
com amor
fraternidade
esperança
planta sonhos
desejos
saberes correcções
paz
entendimento
*
vem
pela alegria
dos teus filhos
desde há milénios
emparedados
em sistemas
convexos
de conceitos baraços
alegorias
fantasias de sucessos
de uns contra os outros
invejas
raivas ódios
*
vem mulher
explode e vinca
a tua natureza
desce pelas vertentes
lodosas
abjectas
do humano terror
em que o homem 
pomposamente viril
transformou
a vida e a morte
na seiva que abala
o planeta
*
Vem
há um hiato no tempo
em que o tudo se passa
e o nada
nas palavras e nos actos
que se insinuam
se cristalizam
se consubstanciam
tragicamente
absorvendo o que construímos
de dignidade
de humanismo
de entendimento cósmico
*
vem mulher
sou do teu ser amante
em consciência
na nossa absoluta paridade
porque plantamos flores
entre gestos de ternura
porque somos o pão e a água
o fogo o ar que se respira
porque não temos a ver com a mudança vil
que na vontade humana se definha
vem e ilumina
na troca irreversível dos mandatos
com teus segredos a nova via
*
autor: jrg

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