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NEOABJECCIONISMO

O abjeccionismo baseia-se na resposta de cada um à pergunta: QUE PODE FAZER UM HOMEM DESESPERADO QUANDO O AR É UM VÓMITO E NÓS SERES ABJECTOS?- Pedro Oom .-As palavras são meras formalidades... O NEOABJECCIONISMO, n

NEOABJECCIONISMO

O abjeccionismo baseia-se na resposta de cada um à pergunta: QUE PODE FAZER UM HOMEM DESESPERADO QUANDO O AR É UM VÓMITO E NÓS SERES ABJECTOS?- Pedro Oom .-As palavras são meras formalidades... O NEOABJECCIONISMO, n

17
Mar13

ESCRAVIDÃO AO DINHEIRO !

NEOABJECCIONISMO


foto pública tirada da net
*
ESCRAVIDÃO AO DINHEIRO
**
Olhem para aquele banqueiro
vagabundo sem pátria
que na vil sordidez se aguenta
cativo esbanja dinheiro
vendido à ganância que diária
suga o sangue pardacenta
*
olhem para aquele ser político
ciência da mistificação
não manda mais que acredita
no poder do vício etílico
que o dinheiro inebria a razão
escravo que escraviza a dita
*
olhem para aquele usurário
ganancioso de lucro
vegetal sem vida aferrolhado
da vida tão perdulário
que soma à cobiça o sepulcro
onde guarda o bem roubado
*
olhem para aquele comentador
tem o dom da oratória
com o qual a razão tenta iludir
rendido a dinheiro sem cor
vende a alma por uma história
dum pais preste a ruir
*
olhem para aquele empreendedor
ávido por ser o primeiro
a escravizar o homem ao produto
não faz nada por amor
vende sonhos que cativa por dinheiro
seu único salvo-conduto
*
olhem bem para aquele militar
garboso no seu uniforme
garante das leis da constituição
escravizado para lutar
defendendo quem lhe paga o pré em nome
duma ideia vaga de nação
*
olhem bem a massa dos indignados
cães raivosos na disputa do osso
distraídos lançam culpas aos do lado
desunidos para melhor roubados
da falsa liberdade que lhes cava o fosso
e os atira ao norte já confiscado
*
olhem para aquelas crianças sorrindo
de África Ásia ou Oceânia
das Américas mas também do Europeu
não querem dinheiro nem pão desavindo
um pouco de paz e de poesia
desfrutar da vida que alguém lhes deu
*
olhem p'ra aquela bela mulher
concebeu gerou criou
carinhosa a humana criatura
não quer dinheiro quer ser
do amor alguém que alcançou
viver a vida em ternura
*
olhem bem para quê tanta riqueza
há quem morra de fome
há quem morra a rebentar de fartura
há mais lobos no homem que na natureza
por uma única vez escrevam o nome
de quem vos ama e de quem vos tortura
***
autor: joão raimundo gonçalves (jrg)
10
Mar13

ESCREVO PARA TI MULHER !

NEOABJECCIONISMO
foto pública tirada da net
*
ESCREVO PARA TI MULHER
**
escrevo para ti mulher
amiga companheira
porque te sinto humanidade
despojada da dimensão do ser
se a tua condição é a primeira
que dá força à liberdade
*
não há dias suficientes
neste ou noutro calendário
para contar a vergonha
dos homens vis e incipientes
que te levam ao calvário
manchando-te com a sua peçonha
*
escrevo para ti mulher
mãe de toda a humana criatura
relegada sem préstimo
sendo a tua alma o conhecer
da vida bela tanto pura
meu poema de odisseia canto enésimo
*
depois da vil tragédia
que foi apagar da história teu saber
nenhum homem tem nada para te dar
és tu quem faz agora a média
entre a glória de amar e o tempo de sofrer
é tempo de para ti cantar
*
escrevo para ti mulher
porque sou teu filho irmão amante
laço de amizade ardente
amigo não se é de um qualquer
nada é mais importante
que sentir na alma o que o outro sente
*
o tempo agora é de combate
não vale a pena chorar a memória aviltada
porque só há uma forma de vencer
é condenando os carniceiros para abate
é organizar da vida a alvorada
dignificando a velha fórmula de viver
*
escrevo para ti mulher
minha esperança de humanismo novo
encantado dos teus passos arrojados
perdoa se represento quem tão mal te quer
há mais mundo e mais povo
para além das bestas de humanos cadastrados
autor: jrg
03
Mar13

A REVOLUÇÃO ADIADA !

NEOABJECCIONISMO


A REVOLUÇÃO ADIADA!
**
no palco havia
uma frente de mulheres aguerridas
ante uma multidão
de gente sofrida que grita abaixo a tirania
fora com os ladrões
era Lisboa no terreiro do povo
rendida ao canto
das palavras vestidas de indignação
vibrantes as vozes
dessas mulheres que da frente liam
proclamando um manifesto
do que não queremos para as nossas vidas
emocionam-se os poetas
as gentes e as crianças manifestam-se
está tudo ali quase um milhão
a ver se sai a palavra do povo que mais ordena
a ordem de ali mesmo acampar
até que os bandidos larguem o osso
mas o que sai são pedidos pungentes de fora troika
nada de violência
havemos de os cansar bramando até à insolvência
enquanto o país se arruína
porque a alma do povo ainda anda à deriva
eram tantas as mulheres
que naquele palco ante a multidão havia
mas nenhuma era Maria da Fonte
e se fossem! que desígnios de governo nos traziam?
quase um milhão de gente
inundou o Terreiro do Povo em Lisboa
e a revolução parou à hora da saída
***
autor: jrg
10
Fev13

A REVOLUÇÃO DA IDEIA...

NEOABJECCIONISMO

**
A REVOLUÇÃO DA IDEIA...
***
a ideia
desce vertiginosamente
das alturas
onde a tinham em clausura
os artificies
da grande mentira do século
e fez-se luz
**
a ideia
definiu as forças em presença
dum lado
os poderes do crime financeiro
oratória armas ouro
e meios de transmissão d'elite
arreganha dentes
**
a ideia
contrapõe a ode com alegria
a expansão do amor
a inversão da podre hegemonia
pela força feminina
assente na visão Matriarcal da vida
reforçando a esperança
**
a ideia
exalta a consciência da mulher
a não confiar
seus filhos seus sonhos e a memória
ao poder da tirania
porque o tempo é de mudança
para a vida
**
a ideia
fomenta a partilha d'emoções
afronta o medo
convida a resistir à ilusão
da perda do salário
por ter parado o país desconjuntado
e não pensar
**
a ideia
pensa que a perda ocorre em dobro
no vício do jogo
que o tirano baralha a seu favor
sem limites
porque é criminosa a sua índole
não dá mais ir a jogo
**
a ideia
clama evolução de pensamento
se não faz sentido
dar passos infrutíferos em volta
por um pouco de nada
mudemos a direcção fantasmagórica
de sinal tirânico
**
a ideia 
manda parar a actividade humana
sem pedras da calçada
nem archotes para destruir vingando
os crimes do poder
antes o silêncio dos corpos ou o batucar
de tachos e panelas
**
a ideia
proclama a alma genuína inteira
das mulheres de bem
dos homens sensatos a condenarem o crime
perpetrado por mentes criminosas
dissolvendo na rua o sistema corrupto
e mudarem a vida
**
a ideia
exige a saída da palavra armada
delineada a estratégia
evitando as armadilhas venenosas
fechadas as saídas
as palavras calam o vómito arrogante
e inversam o poema
**
a ideia
sai à rua disposta a combater
a déspota governação
emitido o mandato popular de captura
dá ordem de prisão
e leva a julgamento os criminosos
fim de citação


jrg
03
Fev13

UM DISCURSO DO MÉTODO! ou a constituição amordaçada...

NEOABJECCIONISMO
prefácio:um poema não é forçosamente uma proclamação revolucionária, mas ajuda à posição das palavras para alinharem em formação de combate...talvez contribua para o alinhamento da alma num factor emergente de união...faz,sem dúvida,parte duma estratégia de esperança...assim uma mulher se cole a ele em cada sílaba...
foto pública tirada da net
*
UM DISCURSO DO MÉTODO!
ou a constituição amordaçada

***
este governo
apresenta sinais de demência
avançada
é esquecido e incapaz de vislumbrar
o norte
justifica o confisco de bens
por emergente
caucionando o acto vil de roubar
com emergência financeira
este governo é loquaz na mentira
perturba a mente humana
subverte a ordem constitucional
é subversivo
julgado pelo povo descontente
no tribunal da rua
veste a pele ensanguentada do cordeiro
baralha o jogo
e rouba agora mais descaradamente
lançando o pânico
por onde já espalhara o medo
é cruel e desvalido
incompetente para ser humano
trogloditas das trevas
deve por isso ser pela ideia travado e abatido
à memória futura
custe o que custar à nação inteira
Venceremos!
tenho dito!!!
jrg
29
Jan13

ACUDAM...QUE ENTERRAM A NAÇÃO...

NEOABJECCIONISMO
foto pública tirada da net
**
ACUDAM... QUE
ENTERRAM A NAÇÃO
«««//»»»
quem sou eu
para te nos ou vos dizer
avança amiga amigo
se tenho medo ao terror do escuro
que gera raiva
na nossa indignação
*
mas digo
a vencer-me em segredo
como náufrago
submerso querendo respirar
anda comigo
a coberto da luz diáfana do amor
*
é tão raro amar
que ninguém dará por nada
como cães famintos
à porta fechada dos senhores
pela liberdade de viver
soltaremos uivos de presságio
*
seremos estátuas
em sentido mas discretas
coroadas de flores
à espera que os ventos se juntem
libertando coesas
nossas almas doridas de dor
*
desçam à cidade
vejam como está despida de gente
quando antes
ainda havia a hora de ponta
o metro tem lugares
e mendigos em cada porta
*
é tempo de vestir
a cidade duma multidão de pessoas
despojadas do nexo
que fazia sentido sonhar e ser
colori-la de luz
de vida risonha e feliz
*
"Lisboa tinha-a a tirania
quem a havia de tomar
o povo vestido de fantasia
e os soldados a ajudar..."
*
dirão que caiu na rua
o poder que o tirano tinha usurpado
mercadores usurários
corruptos e seus serventuários
de que poder falarão?
se somos o povo nato da Nação
*
jrg
17
Jan13

A PALAVRA VOMITA ACÇÃO!

NEOABJECCIONISMO

*
A PALAVRA VOMITA ACÇÃO
«««//»»»
faço alto continência
à palavra capitão
submeto a reticência
e entro no pelotão
*
peço se me dá licença
à palavra sargento
sem nada que me pertença
a não ser o juramento
*
passo de ganso no desfile
da palavra coronel
tropeço ergo o perfil
de meu país já sem pele
*
faço respeitoso sentido
na palavra general
sou soldado e mal vestido
não posso honrar Portugal
*
passei tanto distraído
à palavra major
nem vi que o símbolo caído
era dum povo maior
*
assim é minha recruta
ante a palavra revolta
sentinela alerta escuta
morre gente à tua volta
*
sem encontrar meu abrigo
na palavra exercitar
voltei-me abri o postigo
num avião quis entrar
*
mas era tropa de elite
na palavra condição
não pode voar quem vomite
mesmo que a bem da nação
*
ergo meus olhos ao céu
à palavra comandante
se tanto mar é só meu
só me falta um ajudante
*
ouço o toque de silêncio
a palavra emudece também
não mexo nem cheiro o cio
mas ouço rumores de alguém
*
mulheres com filhos ao colo
reformados sem vintém
doentes rastejam no solo
nem o silêncio os detém
*
empresários falidos
desempregados com fome
estudantes revertidos
tanta vergonha sem nome
*
mas havia sorrisos de mulheres
com palavras armadas
de justiça e humanizados alvoreceres
que tocaram as almas piradas
*
instalaram um cerco de cobiça
tropa de choque da tirania
frente a frente com a razão que atiça
do baluarte a chama a ousadia
*
as palavras na parada
inverteram a posição
basta de terra queimada
criminosos para a prisão
*
ordena o general atrás das lentes
às palavras que marchem
despidas também elas sem patentes
nem flores que também murchem
*
o soldado responde prontidão
à ordem do general
cumprindo a constituição
vamos salvar Portugal
*
juízes juramentados
aos interesses financeiros
foram pelo povo julgados
como meros trapaceiros
*
reformados e pensionistas
e outros que foram roubados
juntaram-se aos humanistas
aos jovens desempregados
*
a batalha foi tremenda 
tão feroz que atirou
os tiranos para a contenda
e nem um só se safou
*
o caos durou cinco dias
das palavras desagravos
já a Primavera servias
mas livres não mais escravos
*
se as quadras desassossegassem
meu povo em estranho quebranto
se as palavras se revoltassem
quebrando o feitiço com espanto
*
ninguém mais se descansou
a governos confiados
a tropa que então desfilou
eram civis dedicados
*
chamada à ordem a alma lusa
unida para tudo vencer
qualquer tragédia difusa
que o mundo possa sofrer
*
de alma nova risonha
meu povo se revezou
não mais a palavra tristonha
a lua nova ofuscou
*
autor: jrg
14
Jan13

DISSESTE-ME...

NEOABJECCIONISMO
Botticelli
*
{#emotions_dlg.blueflower}
DISSESTE-ME...
***

disseste-me
que em Março era Primavera
e faltava tanto tempo
contei os dias que pareciam anos
e eram apenas dias
mas tantas as palavras e os actos
que torturavam minha alma
que temia não ter tempo de alcançá-la
mitigado na afronta
que o poder dos deuses me infligia
*
disseste-me
que uma nuvem de esperança
um novo humanismo
vestido com a sabedoria feminina
aniquilaria os tiranos
com um toque cósmico de consciência
olhei o céu segui
a rota dos ventos e correntes de marés
e eram negras as nuvens 
no silêncio compacto do meu grito
*
disseste-me
não desistas nunca de sonhar
sem dizer que sonhaste
não vá o papão acordar e taxar os teus sonhos
ergue um muro de coragem
à volta das oníricas instantes imagens
aperta mãos cinge corações
agita pensamentos almas profecias
onde houver gente a dormir
ateia fogos de revolta que fertilizem liberdade
*
disseste-me
que em Março renascia a Primavera
sublime de encanto paz amor
envolta num sol resplandecente de luz
rompendo a treva o pesadelo
mas tarda estou descompensado em agonia
faminto de decência e de justiça
carente dos valores que dão sentido à vida
apetece-me não ser desta espécie
emigrar a alma deixando o corpo apodrecer
*
disseste-me
não partas precisamos de ti à mesa
onde celebraremos a vitória
envenenámos o sangue que eles nos beberam
não tarda suplicarão a sua morte
vomitarão a nossa dignidade que engoliram
asfixiados na mentira
precisamos de ti no banquete à despedida
na toca das feras desavindas
põe a mesa dispersa o pão e a água
*
disseste-me
bem te ouvi amiga vigorosas as palavras
mas eu já estava amortalhado
amanhã seria já tarde porque era ontem o tempo
da orgia sangrenta à liberdade
abriste um hiato na treva que então me levava
átomos de luz catársicos
porque eu era os demais desesperados
eu era o desperdício
pela bandidagem de governo descarnado
*
disseste-me
levanta-te a Primavera está à tua espera
refulge no acordar da madrugada
tantas amigas em volta me encarnando
era delas o pensamento novo
lusas gregas d'itália francesas e espanholas
eslavas hindus americanas chinocas
árabes oceânicas numa tela gigantesca a adejar
acreditei de novo agora com sentido
era de África o som que ouvia vindo do passado


autor: jrg
09
Dez12

OS DEZ MANDAMENTOS QUE CONDENAM O XIX GOVERNO CONSTITUCIONAL DA REPÚBLICA PORTUGUESA !!!

NEOABJECCIONISMO
quadro de Rembrandt
»»»//«««
OS DEZ MANDAMENTOS QUE CONDENAM
O XIX GOVERNO CONSTITUCIONAL
DA REPÚBLICA PORTUGUESA !!!
I
não roubarás
mas passos e gaspar roubaram
primeiro os reformados
que indefesos já não distinguem deus de barrabás
depois os outros que acreditaram
que era já farta a fome dos poderes esfaimados
II
não matarás
mas os macedos sanguinários
sinistros de pica e bastão
condenaram à morte lenta sem pira nem gaz
sob aplausos correligionários
os demais sobreviventes da inclitica nação
III
não cobiçarás
nem a mulher nem a coisa alheia
mas as portas corriqueiras
abrem a frente aos negócios com a mão atrás
e abrem a traseira coisa feia
com as luvas sempre cheias e certeiras
IV
Não mentirás
nem sobre os ídolos da constituição
que reconhece o povo soberano
por falsa castidade  ou desgoverno  não te rirás
enquanto vendes alma e coração
que é dos bens terrenos o mais humano
V
não governarás
adorando os ídolos ímpios estrangeiros
reduzindo à miséria o teu povo
ao demónio a tua alma e a riqueza entregarás
como resgate dos dinheiros
que perdeste no vício do viciado jogo
VI
não honrarás
a memória dos teus egrégios e santos avós
destruindo tudo o que deixaram
a dignidade de livre não precisa d'alvarás
ou da caridadezinha dum motar a sós
condeno-vos a devolverem o que já roubaram
VII
não odiarás
sobre todas as coisas o reformado e o trabalhador
nem mulher que anseia pão para seu filho
contra o senhor dos exércitos não mais te revoltarás
farei que pagues por toda justiça sem amor
condeno-vos ao exílio para que aprendeis o novo trilho
VIII
não ignorarás
a vontade e o saber no povo acumulado
nem o Sábado e o Domingo
porque são os dias da marcha contra o teu ídolo Satanás
a quem seguis de veras obstinado
condeno-vos à fuga permanente e sem abrigo
IX
Não sobreviverás
ao adultério das leis comuns e das constitucionais
à falsa castidade nem aos ardis
por onde rastejais... de onde vindes? de Alcoentre ou Alcatraz?
mando que acordem os lusos que apagais
que em cada coração se eleve a chama dos amores que fiz

X
Não Passarás
incólume pelo silêncio protestativo da multidão
em cada lamento nasce a coragem
perante a qual ao seres derrubado te calarás
de nada te valendo a oração
porque deus não perdoa à vilanagem

autor: jrg
25
Nov12

PAZ OU IMPLOSÃO HUMANITÁRIA ???

NEOABJECCIONISMO


**
PAZ OU IMPLOSÃO HUMANITÁRIA ???
***
que paz quereis
que paz é esta que atormenta
que paz fazemos
que paz é esta que me vos nos mata
que paz erguemos
que paz é esta que nos guerreia
que paz vivemos
que paz é esta cheia de medos
que paz companheiras
que paz é esta carente de amor
*
a paz que eu quero
é a da alegria
dos vales férteis de ecos vadios
a paz que eu quero
é a do amor
da justiça e dos valores humanos
a paz que eu quero
é a do humanismo
sem inveja sem luxúria sem cobiça
a paz que eu quero
*
que paz me trazeis
se não me dais senão desassossego
e medo de me perder
que paz cheia de terrores me ofereceis
se já não chega o pão
e o salário mingua a cada saque
que paz me paga
a insolvência de não ter com que pagar
à mercê do garrote
que paz senão a que sobrevêm à morte
*
a paz que eu quero
é a de trabalhar e receber a paga
o justo e meu salário
a paz que eu quero
é a da não violência
recuso a paz insólita do cemitério
a paz que eu quero
é a de viver em paz com a natureza
e respeitar os bichos
a paz que eu realmente quero
*
que paz é esta senhoril
que paz alevantais com a força bruta
que paz no roubo das pensões
que paz sobre os velhotes a tropeções
que paz é esta de  funil
que paz nos rouba água e alimento
que paz nos programais
que paz de desamor ódio e desemprego
que paz é esta vingadora
que paz nos divide e farta a mesa da ganância
*
olho duas mulheres pela paz
escrevem no chão com círios a palavra União
face a face com o parlamento
de onde parte a ordem para toda a violência
faz frio sentadas na laje da desdita
devem pensar que são crianças a brincar
os cidadãos que passam
sem se darem conta da tragédia que é viver
acorrentado ao livre arbítrio
no dia seguinte a chuva invade a paz sem solução
*
porque era mentira
*
não havia guerra nem povo revoltado
mas elas não sabiam
acreditavam ser porta voz da alma ou a bandeira
dos que tinha fome de justiça
mas elas não sabiam
acreditavam ser capazes de vencer
a inércia dum povo dividido
mas elas não sabiam
acreditavam na sublimação da arte em movimento
a unir um povo acéfalo
*
porque era mentira
*
que houvesse fome mais do que já havia
que o desemprego fosse flagelo
que houvesse tristeza nas mesas da alegria
que a alma deixasse o corpo ao abandono
que a economia rastejasse
que os mais ricos repartissem entre si a mais valia
que a revolução está em marcha
que havia corrupção fugas ao fisco e à balança
que se morria nas ruas
que havia em paralelo outra economia
*
duas mulheres enfrentam os carrascos
fica a pergunta
*
que é do povo pequeno
que é do povo do meio e do intermédio
que é da sabedoria e do alento
que é dos jovens sem futuro mandados emigrar
que é das mães em desespero
que é das mulheres que a longa história violentou
que é da fraternidade 
que é da alma solidária que resiste
que é da vergonha idólatra
que nos deixa em casa enquanto a paz insiste
autor: jrg

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