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Set12
AS TÁGIDES VOLTARAM!
NEOABJECCIONISMO
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AS TÁGIDES VOLTARAM!
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prostrado à beira do Tejo
os meus olhos
procuram as Tágides antigas
tão de tanto belas
para que me sorriam
perfumadas
em aromas de poemas
*
tremelicam as luzes a norte
ao longo da marginal
pela fresca brisa beijadas
nada na negra noite
agita a mansidão das ondas do rio
que me refrescam
o lânguido pensamento
*
as Tágides morreram todas
fantasias de poetas
que nelas viam os sorrisos
da alta inspiração
doutro mote se faz agora
a terna poesia
uma flor uma ave ou mulher
*
estou às portas da cidade
escrevo e pinto
enrolado nos sons da melodia
que tem Lisboa
sobre os escombros onde sinto
sonhos de fantasia
num grito que em mim ecoa
*
ninguém sabe de que morreram
as Tágides amorosas
ninfas do Tejo manjares
de poetas e poetisas
que naufragavam para serem amadas
nos cânticos e preces
amontoadas em orgias nocturnas
*
um rumorejo nas lisas águas
uma barbatana caudal
cabelos longos enrolados em rosas
Tágides ninfas ou musas
de versos cadastrados em sítios
seios cobertos de espuma
e sorrisos são elas as Tágides voltaram!
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sulcam as águas da esperança
de onde vieram não sei
sobem o rio coloridas são amores
que o mar arrasta p'ra foz
saltam remoinhos reencontro de correntes
adamastores rendidos
aportam a Lisboa a acordar
autor: jrg