27
Nov11
LISBOA A CIDADE...
NEOABJECCIONISMO
imagem de Barragon
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LISBOA A CIDADE
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de onde a vejo
Lisboa pelo sol recortada
entre torres e abismos
fecho os olhos a ver se almejo
sinal da alma apaixonada
que povoa o pensamento de lirismos
num abraço e doce beijo
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como pontas aguçadas
as torres solitárias do Restelo
a Torre o Centro Cientifico
marcas de almas da vida já passadas
Miraflores e o Castelo
o rio que corre para o mar fatídico
e nem um ar de gentes apressadas
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nada no murmúrio do vento
a cidade fervilha de silêncio subterrânea
a ensaiar um grito de esperança
ou de amor que satisfaça a contento
a frieza d'oratória em litania
que resiste à crueldade da temperança
despida de sentimento
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à esquerda a linha
no esplendor da luz majestosa
bafejando palácios e gentios
numa partida de golfe onde se cozinha
e tece a teia densa pegajosa
que prende a alma humana pelos fios
na avidez torpe e comezinha
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de onde a vejo
Lisboa imensa a Capital do reino
ainda aurífera de vã beleza
a percorrer os túneis por um doce beijo
de raros amantes em retiro
sem o aroma de violetas com tristeza
a reprimir o sonho no desejo
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é tudo falso e consentido
na revolta por ter medo na manifestação
no manifesto a sombreado
há em Lisboa a marca subjacente ao alarido
que enegrece de humanidade o coração
que quebra no ânimo insurrecto o almejado
acontecer do tempo renascido
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alongo a vista a ver se alcanço
dentro das casas vazias de alegre sorriso
um movimento do inconsciente
um riso transparente de criança e logo avanço
armado do amor de que preciso
a despertar do sono a letargia permanente
onde a cidade mergulha sem descanso
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autor: jrg