ESTA GENTE QUE SOMOS...PORTUGAL!... - II
nascemos pobres ou ricos tanto faz
se educados somos meninos da mamã ou do papá
viver em tanta fartura e não ter paz
é dos genes ou cromossomas mutações na hora H
se pobres somos corrécios gentinha Zé povinho
carregamos a tragédia ou coitadinhos
apodamos os ricos de ladrões entre pão e vinho
na tasca onde ganhamos coragem sozinhos
sendo no trânsito os melhores condutores
vociferamos aos lentos e faltosos
descobrimos nas filas invisíveis corredores
os outros é que são os criminosos
chegar primeiro à posição mais conveniente
pisar fraudes e canteiros de flores
corromper para ganhar perdendo a demais gente
desgastar a vida em copos e amores
ter um negócio legal quase falido
estabelecer uma corrente de economia paralela
impostos paguem os tansos sem bramido
a honra é uma aparência e a crise uma balela
há todavia em rigor uma só situação
em que nos empenhamos intrépidos palradores
no futebol na politica não abrimos mão
somos árbitros legislamos e exímios treinadores
subir à cunha que a pulso faz doer o cotovelo
defendemos o produto enganamos o parceiro
agiotas de moeda e pensamento somos com zelo
cada um é em si mesmo por demais porreiro
no amor somos de natureza os melhores amantes
colmatamos as fraquezas com a violência
na rua beijos em casa indiferença entre estantes
as mãos e as palavras perdem paciência
somos em multidão gente invejosa e enfurecida
seguimos o mote do que parece mais forte
perdemos sempre salva a desproporção devida
mas cantamos vitória seja no sul ou norte
o que mais me impressiona nesta nova Lusitânia
é a falta de unidade em torno do bem comum
os sábios zarparam todos com medo desta insânia
que a inveja e a usura tornaram ad eternum
autor: jrg