S O U...
S O U
Sou como o velho de olhar bravio que cantas
Sentado imerso no banco do jardim
Alguém que foi sendo e que parou a quem encantas
Na tua voz melodiosa quando bate em mim
Sou um grão que secou e mirra dentro da semente
Batido pelo sol a chuva a maresia o vento
Tanto procurei que achei depois perdi fui ilha sem continente
Banido do mar ganhei o banco em que me sento
Sou sendo um nado ser anónimo sem expressão
Nascido de um acto avulso sem critério para sobreviver
A cor macilenta não é doença é da solidão
É da penumbra sem sol do arvoredo onde teimo viver
Sou o que não pede licença para abraçar a alma entristecida
Nem para beijar um coração de mulher dorido
Se me inebrio quando sinto o esplendor do tempo em ti retida
É porque me dói a indiferença pelo valor rendido
Sou o tudo e o nada o ser e o não ser mera figura estática
Que se alimenta de memórias e reflexos emotivos
Quando as palavras que dizes geram emoções avivo a retórica
E deixo que as frases se soltem em efeitos evolutivos
Sou aquele que procura ainda o absoluto o ser perfeito de mulher
Inteligente líder da esperança mãe e do amor amante
Cuja beleza e virtude na justiça e na dor seja total saiba escolher
Entre o que parece e não é e o que sendo está distante
Sou o que almeja paz a doçura dum sorriso um olhar rutilante
O odor natural da terra do mar do vento do ser
o fogo que liberta a paixão e purifica o belo da mulher amante
se encontrar o que procuro deixo para vós posso morrer
autor: JRG