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NEOABJECCIONISMO

O abjeccionismo baseia-se na resposta de cada um à pergunta: QUE PODE FAZER UM HOMEM DESESPERADO QUANDO O AR É UM VÓMITO E NÓS SERES ABJECTOS?- Pedro Oom .-As palavras são meras formalidades... O NEOABJECCIONISMO, n

NEOABJECCIONISMO

O abjeccionismo baseia-se na resposta de cada um à pergunta: QUE PODE FAZER UM HOMEM DESESPERADO QUANDO O AR É UM VÓMITO E NÓS SERES ABJECTOS?- Pedro Oom .-As palavras são meras formalidades... O NEOABJECCIONISMO, n

25
Mai13

PREFÁCIO DE LAUREANO CARREIRA PARA O LIVRO "A insurreição das PALAVRAS"

NEOABJECCIONISMO


**

PREFÁCIO DE LAUREANO CARREIRA PARA O LIVRO "A insurreição das PALAVRAS"

da autoria de joão raimundo gonçalves

***

 

Há os autores que fazem poesia a olhar para o seu eu interior, à maneira de António Nobre ou de Florbela Espanca e de tantos outros, e depois há aqueles para os quais a palavra poética é expressão de sangue e raiva a brotar do interior em chamas. O seu, ou o de outros homens, que importância, pois que o poeta os assume como seu: “sinto o sangue [do povo] nos corredores confrontado com a desgraça”.

Meninos e moços, enquanto o breu da noite virava à aurora, íamos da praia da Costa da Caparica à Fonte da Telha atrás de uma linha com muitos anzóis atirada ao mar e arrastada pela corrente de norte para sul. No final havia alguns peixes que eram recompensa dos milhares de palavras trocadas durante a noite e dos sonhos acalentados pelo ardor da juventude: “não desistas nunca de sonhar” homem! Pois que é a vida se o homem não sonha?!

Palavras?

Não, não somente palavras, já que as palavras mais não são do que expressão do sonho, pois é com palavras que o homem sonha.

E é com as mesmas palavras que o homem exprime a dor de se sentir “Sísifo condenado / não de lacaio mas de jumento / a carregar o fardo enxuto de semente”.

A poesia de João Raimundo Gonçalves é uma poesia alimentada pela necessidade de esperança, quantas vezes carregada de desesperança, na qual a descrença no homem se transforma em apelo gritante à revolta libertadora. Como em Chove e na sua notável força expectante de que “pudera esta chuva à revelia / dos conceitos servis por anedóticos / arrastar na lama da corrente / impelida pela nossa portentosa rebeldia / agentes da desgraça patrióticos / salvadores de pátrias vazias de gente”.

A Insurreição das palavras é um apelo Às musas ninfas de espuma que “correm nas veias confusas / em passos de contra dança”. É a esperança e a recusa do olhar indiferente para o outro que estão em cada uma das palavras de João Raimundo Gonçalves. Mas também o amor da vida vivida para além das dificuldades do quotidiano. Filhos, e netos e palavras dolorosas ou carregadas de esperança são neste livro um apelo à “alforria das almas mortas”. Porque a vida brota do sangue, e assim deve continuar enquanto sangue houver. Como quando um homem corre, e corre, e corre pelo trilho do unimog numa pista da Guiné para não acontecer saltar com o unimog. Se sobreviveu ao quartel enterrado, às operações guerreiras, e às granadas, e aos tiros, à fome e à sede, se o homem conservou a Lucidez da [sua] loucura, por que arriscar a persistência da vida quando a salvação do corpo e a porta para o inferno da alma que recusa a indiferença do outro estão no final da picada? E o homem corre, corre, corre até à exaustão de si para ganhar para a sua eternidade o inferno de ser outro. Daí A Insurreição das palavras, que já eram palavras carregadas do iodo da praia da Costa da Caparica pelas noites de invernia antes de serem livro.

 

 

Laureano Carreira

Cabourg, Março 2013

23
Mai13

O ESCRITOR LUÍS MACHADO NO LANÇAMENTO DO LIVRO "A Insurreição das PALAVRAS" de joão raimundo gonçalves

NEOABJECCIONISMO

 

O ESCRITOR LUÍS MACHADO NO LANÇAMENTO DO LIVRO 

 

"A Insurreição das PALAVRAS

 

de joão raimundo gonçalves

 

***


Foto António Vieira da Silva
*
REVOLUÇÃO CÓSMICA
...
sou mulher!
Ah Ah Ah Ah Ah Ah Ah Ah
sou mulher!
cuidem-se os agiotas e outros trafulhas
os políticos e maridos valentões
armados até aos dentes contra cidadãos
mulheres velhos e crianças
sou livre das amarras da história
sarei feridas humilhações
cansei do riso à socapa por me entenderem mais fraca
*
e agora?
*
sou simplesmente mulher
ou fêmea
adúltera bígama polígama lésbica
mas pura
serei o que eu quiser
o instinto de mãe e do prazer
sem luxúria nem lascívia
porque não tenho medo e reúno a coragem do mundo
erguerei bem alto
a bandeira flamejante do ser
*
acabou-se!
*
não há mais trocos nem prostitutas
nem favores
nem violência de estirpe duvidosa
nem a condescendênciazinha das quotas
nem da paridade dos sexos
nem os lugares de estimação por troca de silêncios
nem modas astutas
nem corrupções sensuais
nem trabalhos duplamente esforçados
nem cama mesa e roupa lavada
*


basta!
*
ouviram bem?
*
BASTA!
*

sou a fonte de onde brota a criação
sou a direcção dos ventos
sou o mar salgado a mina de água doce
sou o fogo que espalha fertilidade
sou a terra em movimento nos círculos etéreos da eternidade
sou a força de todo o pensamento
sou a mãe que pariu em dor suprema toda a gente
sou dócil de amor a quem me ama
sou o cheiro e o sabor que há na natureza
sou um animal no reino da animália
*
olhos nos olhos!
*
declaro iniciada a revolução
sobre as mentalidades desumanas mesquinhas
sobre as leis absurdas que escravizam
sobre a organização monoparental das sociedades
sobre todas as lideranças
sobre o medo e a violência dos poderes
sobre a manipulação dos gestos e das palavras
vamos a votos nas ruas
se o estado faliu está em bancarrota
a nação é nossa vamos a ela

***
jrg

poema incluído no livro: "A insurreição das PALAVRAS" de joão raimundo gonçalves, editado por edições Vieira da Silva.

07
Mai13

A insurreição das PALAVRAS... - CONVITE

NEOABJECCIONISMO
1968 - Estado de guerra
*
esta noite

quando todos dormirem

pego no vento

e fujo


autor: joão raimundo gonçalves (poema inserido no livro:A insurreição das PALAVRAS)

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