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PARABÉNS POESIA...
foto pública tirada da net
*
ASSOMBRAÇÃO..
*
todas as noites
quando a lua desce de mansinho sobre o mar
uma centelha de esperança
renasce na mudança agreste da maré
entre as almas errantes
descalças lambuzadas de efeitos luz
embrulhadas de sombras
*
todas as noites
as vejo dançar bruxuleantes sonâmbulas
numa roda de silêncios
de braços abertos partículas cósmicas
por vezes suspensas
adejando sobre estranhas figuras espectrais
esteticamente geométricas
*
todas as noites
ao vê-las penso em fugir
montado nas densas brisas marinhas
a desfazer-me de humanidade
ser na alma das almas por mais absurdo
que seja um intruso lunático
a retornar ao caminho da vinda
*
todas as noites
exceptuando a fase de nova
em que os vultos assumem a sua transparência
e o céu se confunde no mar
apenas a ardência das almas inquietas
com a exposição prematura
as estrelas tão altas formando alas
*
todas as noites
sonho que me transporto e levito
salto abismos morro
de morte livre em pleno da minha consciência
e me transformo em apenas alma
vou e venho como a maré em cada tempo
às vezes grito outras definho
*
todas as noites
invento um amor à luz das almas
há um corpo e brilho no olhar
seios sexo sorrisos gestos incandescentes
no meu frenesim de tocar
e de não sentir a solidez abjecta da matéria
nem o cheiro a vómito onde me estatelo
*
todas as noites
de tão cansado me adormeço
no desassossego de viver
inebriante o aroma deixado no ar pelas flores
penso nos convencidos intransigentes
na facilidade com que nos deixamos atemorizar
e sinto raiva de viver
*
autor: jrg
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SEGREIS DE LISBOA
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Joana o corpo todo balança
no rebate da corrente
doce a flauta ou traversa ao sopro toca
tons de azul rosa laranja
do amor que ela em si tanto sente
quando lhe passa na boca
a trova tocada em cor de esperança
*
Miguel abraça a gamba com ternura
viola violino violoncelo
estremece em tons de roxo ou lilases
o arco que na corda apura
o som melódico atulhado em fino zelo
sabedoria d'almas tão audazes
que criam sobre a criação ou criatura
*
Manuel é o maestro sem batuta
olhos e gestos sibilinos
dando a cor amena ou a selvagem
exalta de virtude a ninfa astuta
emenda a história dos valores fidedignos
pinta de branco as noites da coragem
e põe ponto final na vã disputa
*
Ana canta virtuosa a Leonor
de verde grave a soprano bela e expedita
todo o corpo nela se agiganta
quando a alma toca a tragédia do amor
em cada nota a cor única erudita
ou o drama que a nossa alma espanta
se pinta de vermelho a tanta dor
*
os quatro assim dispostos em cenário
um toque medieval de som e luz
fixam para a memória do que há-de vir
o verso do jogral em reportório
que toda a alma humana dele se seduz
ao ver em movimento o som luzir
nas cores fantásticas do seu aniversário
*
autor: jrg
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